João Rock acerta ao juntar tropicalistas como Caetano Veloso e Mutantes no palco

Realizado em Ribeirão Preto (SP) no sábado (09/06), o festival João Rock ofereceu música para quase todos os gostos, mas foi no Palco Brasil que os fãs da Tropicália realizaram o sonho de ver, no mesmo dia, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé e Mutantes. Assistir a shows de quatro dos responsáveis pelo movimento que revolucionou a música brasileira, um atrás do outro, emocionou demais os presentes. A Tropicália foi o primeiro movimento que descobri sozinha, depois de anos de muitos ensinamentos vindos do meu pai e de minha avó sobre rock inglês e americano e sobre samba e Jovem Guarda. Conheci primeiro um álbum de Caetano Veloso, pelo qual me apaixonei. Depois, busquei Gilberto Gil, que me colocou para dançar na sala de casa. Ouvindo esses caras, acabei caindo no mundo dos Mutantes, que me arrebatou de vez. Foi uma paixão para a vida toda, que me permitiu também me surpreender com um tal de Tom Zé que eu não conhecia antes de ouvir a canção 2001, uma parceria dele com Rita Lee presente no repertório da banda dela com os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. E, assim, na adolescência, li todos os livros que encontrei sobre essa turma, ouvi muito de tudo o que eles haviam lançado e passei a seguir cada um deles, cada um à minha maneira e dentro das minhas possibilidades.

Tom Zé, sempre cheio de irreverência e espontaneidade, mostrando-se ainda um tropicalista, foi o último a tocar no palco cujo design foi inspirado na bandeira do Brasil. Com seu fiel escudeiro Jarbas Mariz para soprar as letras das músicas, os tons para a afinação e as falas para os momentos certos, o baiano apresentou músicas políticas, músicas intelectuais, o samba  e 2001. O álbum pós-tropicalista Refavela, de 1977, foi celebrado por uma banda formada pelos filhos de Gilberto Gil, Bem Gil e Nara Gil, por Moreno Veloso, filho de Caetano, e outros integrantes. Entre os convidados, subiram ao palco: Lucinha Turnbull, que foi parceira de Rita Lee em diversos projetos (Cilibrinas do Éden e Tutti Frutti) e gravou no disco de Gil; Anelis Assumpção, a filha de Itamar Assumpção; e, claro, Gilberto Gil, que decepcionou um pouco por ter demorado a entrar  e cantado poucas músicas. Junto com seus filhos, Caetano Veloso apresentou o show Ofertório, em que composições dele, de Moreno, Zeca e Tom mobilizaram grande parte do público. Esse foi o show que mais atraiu gente ao palco, mas não o mais contagiante. Apesar de belíssimo, o espetáculo é mais intimista e ficou disputando o som com a música da banda Natiruts, que vinha do Palco João Rock.

Os Mutantes abriram o Palco Brasil às 17h05, quando muita gente ainda estava chegando e/ou se adaptando às filas dos caixas, que tomaram conta do espaço Parque Permanente de Exposições durante todo o festival. Quem conseguiu chegar e segurar um lugar lá na frente não se arrependeu. Sergio Dias arrasou junto aos músicos que uniu para reproduzirem com ele grandes sucessos da banda que teve com Arnaldo e Rita e que o alçou ao mundo da música. Começando com Tecnicolor, passando por Jardim Elétrico, Balada do Louco e Ando Meio Desligado, eles colocaram a plateia para cantar junto. Top Top, Minha Menina e A Hora E A Vez do Cabelo Nascer fizeram a galera pular. Os solos do nosso herói da guitarra tropicalista, cheios de energia, deixaram muita gente boquiaberta. A propaganda contra Temer durante El Justiciero, em que nosso capitão se confundiu e cantou “The shadow of a strong man / With a gun in his hand, raised to protect / The poor people of Sorocaba“, teve enorme adesão. Corrigido pela vocalista Esméria Bulgari no canto da orelha, Serginho corrigiu rápido: “The poor people of Ribeirão Preto”. E o show terminou com o remanescente dos Mutantes originais oferecendo a Caetano Panis Et Circenses em um belo número em que Carly Bryant tocou flauta e os músicos chegaram a diminuir a intensidade para que a doçura da multi-instrumentista britânica fosse ouvida. No bis, Esméria cantou Baby.

Enquanto isso, que é mais do rock, reggae e das misturas se deliciava, no Palco João Rock, com Napkin (banda que venceu um concurso), Cordel do Fogo Encantado, Supercombo, Raimundos, Skank, Pitty (que recebeu Tássia Reis e Emmily Barreto), Natiruts, Gabriel O Pensador, Criolo e Planet Hemp. O palco Fortalecendo a Cena deu espaço a novos nomes, como Kilotones, Dônica, Sinara, Rael, Froid Francisco El Hombre. O Palco Red Bull abrigou os shows das bandas universitárias Marujos, Motriz, Enversos e, também, da youtuber Mari Nolasco.

One thought on “João Rock acerta ao juntar tropicalistas como Caetano Veloso e Mutantes no palco

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>