A morte de Jair Rodrigues deixou o Brasil mais triste. E deixou o GarotaFM mais triste também. Lamento muito não ter tido a oportunidade de entrevistar esse mestre da mistura do samba com outros estilos e, arrisco-me a dizer, o inventor o rap. Encontrei Jair em alguns eventos, fiz algumas perguntas para matérias sobre gravações de coletâneas ao vivo… coisas que, nas redações, são importantes, mas dificilmente nos fazem criar relação com o entrevistado. Sendo assim, nunca consegui criar um laço com o cara que sempre coloco nas minhas listas de melhores do Brasil.
Depois que saí da Infoglobo (onde trabalhei para os jornais Extra e O Globo e para o site de O Globo), não estive com Jair para nenhuma das colaborações que fiz para revistas nem para o meu site. Apenas o citei: em 2009, em uma das listas de mais mais da Rolling Stone; em 2010, em uma matéria sobre o CD/DVD O Samba me Cantou, lançado pelos seus filhos, Jair Oliveira e Luciana Mello (essa vale conferir); e, ainda em 2010, em uma matéria sobre o lançamento do álbum Sexo MPB, de Rodrigo Faour.
Soube da morte de Jair Rodrigues antes de a notícia cair na rede, através de um amigo que não me contou sua fonte. Não corri para dar antes, afinal, o GarotaFM nunca teve a intenção de ser referência em site que dá “furos de reportagem”. Parei, pensei, tentei lembrar das vezes que vi, esbarrei com ou apenas li sobre Jair. E o que veio à cabeça foi a recordação das sensações que vivi quando descobri canções como Disparada. Foi Jair quem me fez assumir que gosto da boa música sertaneja (sim, ela existe e, quando é boa, é muito mesmo). E o que dizer de Deixa Isso Pra Lá? Comecei a entender melhor a música brasileira e suas diversas misturas depois que conheci essa canção. Decidi não escrever nada correndo, ou melhor, decidi não escrever nada… só sentir.
Saí para minha aula do mestrado e, no intervalo, conferindo meus e-mails, encontrei um texto de um amigo gaúcho, que mora em Brasília e não escreve sobre música em seu trabalho, mas ama uma boa trilha sonora. Sandro Santos me mandou uma história breve e leve que viveu com Jair Rodrigues, mas que marcou sua vida: um gesto de carinho do grande artista que fez um dia seu mais feliz. A alegria que conheceu em Jair contaminou outros momentos e, no dia da morte desse nosso ídolo, o fez sorrir em vez de chorar. “Desde a entrevista com Jair Rodrigues virei fã da grande pessoa, do ser humano bonito que foi o inventor do rap”, comentou Sandro.
Não aguentei… resolvi publicá-lo, mas não sem fazer esse texto, inspirado também pela alegria de Jair. Eu indico a leitura.