Paulo Rafael (1955-2021)
Paulo Rafael não era só o guitarrista de Alceu Valença há quase 50 anos, mas também o diretor musical do pernambucano e um dos mais importantes instrumentistas do Brasil. Paulo Rafael passou pela banda Phetus e entrou para a Tamarineira Village que, em 1974, por sugestão de executivos da gravadora RCA, passou a se chamar Ave Sangria e se tornou um dos principais expoentes da psicodelia pernambucana. Em entrevistas, os integrantes preferiam dizer que a ideia foi de uma cigana que encontraram em alguma de suas viagens. Saiu disco novo recentemente da Ave Sangria.
Paulo Rafael tocou no obscuro álbum Paêbiru, de Zé Ramalho e Lula Côrtes. O guitarrista acompanhou Alceu Valença no Festival Abertura, da TV Globo, em 1975 (no caminho, sofreu um acidente de ônibus que, com ele contando, de trágico virou cômico). Paulo me contou que, por causa de um LSD dado pelo também falecido recentemente Mario Luiz Thompson, ele assistiu à briga de Zé Ramalho com Alceu no palco e, quando o paraibano bateu com o violão no chão, ele “viu pedaços do instrumento voando em câmera lenta”. Ao chegar para acompanhar Zé em um show na Paraíba, Paulo viu a faca com a qual o cantor cortaria o cabelo em cena, e se assustou: “Que porra é essa, Zé? Vai me matar no palco?”
São muitas (e divertidas) histórias que não cabem aqui. Cabe dizer que, com Paulo Rafael, vai embora também um grande legado da música brasileira. Que seus acordes e “causos” fiquem sempre entre nós. Em homenagem a ele, hoje é dia de ouvir Ave Sangria.