Amanhã é dia do amigo. Por isso a pílula de hoje é dedicada a essa dupla que se ama: Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Após as filmagens do filme “A noite do espantalho”, ao voltar para o Rio, em 1974, Geraldinho tocou no mesmo palco que Zé Ramalho (no show Sôpa de Môrcegos na Bôca do Rock), compôs “Caravana” para a trilha sonora da novela da TV Globo “Gabriela Cravo Canela” e foi preso novamente pelo governo militar ao lado da esposa, que estava grávida de seu segundo filho, Lucas, e acabou sendo solta. O cantor e compositor só parou de ser torturado quando, em um dos interrogatórios, foi obrigado a tocar violão para os militares. Quando solto, foi convidado a fazer a direção musical da peça “Lampião no Inferno”, de Luiz Mendonça, que estreou em 1975 com Madame Satã, Tânia Alves, Tonico Pereira e, entre outros, Elba Ramalho no elenco.
Para complementar a renda, Elba vendia livros de Satã, a transformista pernambucana vista como uma personagem emblemática da vida noturna e marginal carioca. A amizade entre Geraldinho e Elba foi imediata e os cuidados de um com o outro perduraram a vida inteira da dupla. Quando Geraldinho se separou de Vitória, em 1977, alugou um apartamento na Rua Antônio Parreiras, em Ipanema, e convidou a amiga para ir morar com ele (sem segundas intenções). Esse apê sediou muitas festas e encontros entre amigos vindos do Nordeste, entre eles Cátia de França, Vital Farias e Zé Ramalho. Elba e Geraldo se encontraram muitas vezes em gravações e nos palcos. Até hoje, eles se cuidam e se protegem, cultivando uma das mais lindas relações da música brasileira. Para conferir, basta sentir a emoção na voz de Elba quando ela canta as canções e coautorias de Geraldinho. Ouçam na voz de Elba “Dia branco”, “Canta coração”, “Caravana”, “Bicho de 7 cabeças” e “Luã”, essa feita para o filho dela com Maurício Mattar, coautor da música. E não deixe de ouvir também a voz e o violão de Geraldinho.