Vis a Vis: série se passa na prisão e fala sobre as escolhas erradas que as mulheres fazem na vida

Terminei de assistir a Vis a Vis, uma série do mesmo criador de La Casa de Papel, exibida pela Netflix, e eu queria indicá-la aos que estão procurando algo transformador para ver. Com duas atrizes da Casa de Papel – a inspetora Sierra (Najwa Nimri) da última temporada e a Nairóbi (Alba Flores) – e muitas outras atrizes que eu não conhecia, a série se passa dentro de uma prisão. Até agora, há quatro temporadas disponíveis. Em resumo, Vis a Vis fala sobre escolhas erradas que as pessoas fazem na vida. É muito fácil se identificar com as presas e os caminhos que, muitas vezes, elas se sentem obrigadas a seguir. É aquele papo: ninguém é obrigada, mas, se não fizer aquilo ali, não chega naquele lugar lá.

Saray (Alba Flores) e Zulema (Najwa Nimri) já estão presas quando chega a “nueva” (novata) Macarena Ferrero (Maggie Civantos). É da mocinha loirinha ingênua que Vis a Vis vai começar falando. Nas duas primeiras temporadas, Zulema é a presa mais amendrontadora, e acaba sendo a pedra no sapato de Macarena. De cara, Saray parece má, mas aos poucos ela vai mostrando uma faceta bem fofa. Destacam-se outras personagens maravilhosas, como Sole (María Isabel Díaz), Tere (Marta Aledo) e Rizos (Berta Vázquez). Ah, sim, tem a odiosa Anabel (Inma Cuevas), da qual nem dá vontade de falar. Os homens de Vis a Vis são os personagens que detonam todas as possibilidades de as mulheres “viverem em paz” (para pegar leve nos termos).

Da terceira para a quarta temporada, surgem personagens novas e tão complexas quanto as que já estavam em Cruz del Sur. A terceira é a mais chatinha delas, tendo sido as presas mais significantes das temporadas anteriores transferidas para Cruz del Norte, um presídio onde as mulheres são tratadas muito mais “a mano dura”. Por questões contratuais, Macarena não aparece em quase toda essas temporadas, mas o que parece que vai decepcionar acaba abrindo espaço para outras histórias magníficas, como a da obesa Goya (Itziar Castro).

Macarena é uma menina de família que faz a escolha mais errada de sua vida e acaba presa. Sua família resolve fazer de tudo para tirá-la de trás das grades. A personagem vai se desenvolvendo e, enquanto lida com o mecanismo de cada uma das outras mulheres para sobreviver e com os assédios morais e sexuais que sofre dentro do cárcere, ela vai perdendo sua ingenuidade. Empoderamento, no caso, significa sobrevivência. E a série acaba parecendo uma transposição para um ambiente de tudo o que mulheres da vida real experimentam em vários tempos e espaços. E é por isso que Vis a Vis precisa ser vista por mulheres (preparem o estômago!) e por homens que ainda estão tentando entender o mundo das mulheres e/ou aos que não entenderam até hoje.

A quarta temporada terminou comigo aos prantos, e eu já aguardo ansiosamente pela quinta, que pelo que a mídia espanhola diz, vai quebrar um pouco o ritmo por causa de mudanças alheias à vontade de seus criadores. Só para não terminar sem dar um voto de confiança aos homens da série, destaco a atuação do argentino de Mar del Plata Ramiro Blas. No corpo de Sandoval, ele parece “un asco”, mas é apenas um ótimo ator convencendo no papel do médico assediador que, claro, acaba mal.

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