As trapalhadas do novo governo fizeram com que este não fosse um ano fácil para ninguém. Para quem trabalha com cultura, muito menos. Resistindo fortemente à perda de patrocínios, o Mimo Festival pela primeira vez desde sua idealização não foi a Olinda. Paraty também ficou fora da escala. Somente o Rio de Janeiro teve repeteco do evento gratuito e, pela primeira vez, São Paulo sediou shows, filmes, aulas e conversas com artistas. Mediado por mim, em ambas as cidades, o Fórum de Ideias foi predominantemente feminino. A não ser por Amadou, marido e parceiro de Mariam na dupla Amadou & Mariam, todas as outras atrações foram mulheres.
Em São Paulo, a portuguesa Marta Pereira de Costa – primeira mulher a fazer sucesso com a guitarra portuguesa na música instrumental – abriu o Fórum de Ideias na sexta-feira (22/11). substituindo a cantora da Mauritânia Noura Mint Seymali, que teve um problema no voo e não chegou em tempo. No sábado (23/11), foi a vez da cantora e compositora brasileira Xênia França conversar comigo sobre Representatividade feminina negra nas artes. No mesmo dia, de tarde, Amadou & Mariam debateram o tema Música e nação: O pop-afreicano no Ocidente. A conversa com a dupla do Mali terminou de forma emocionante, com uma turma de alunos de francês do Capão Redondo cantando uma música dos artistas africanos junto com eles.
No sábado (30/11), Noura Mint Seymali abriu o Fórum de Ideias Rio de Janeiro, no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro. A conversa sobre Vozes femininas na tradição Griot africana acabou com a participação do marido de Noura e guitarrista de sua banda, Jeiche Ould Chighaly. No mesmo dia, de tarde, Amadou & Mariam voltaram a falar sobre o mesmo tema abordado em São Paulo e, de novo, o papo acabou em música.