The Cher Show mostra as dificuldades que a cantora passou para viver de música

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos

“Being famous is like… being a guy” (“Ser famosa é como… ser um homem!”)

A frase proferida por uma das três atrizes que interpretam Cher no musical “The Cher Show”, em cartaz na Broadway, está ecoando em mim desde que saí do teatro, ontem, emocionadíssima com tudo o que vi e aprendi sobre a história da cantora americana. Impressionante como mulheres como ela precisaram aprender na porrada (e ainda hoje ainda é assim) como lidar com o mercado de trabalho e administrar a própria vida pessoal em um mundo tão misógino. Cher sofreu bullying na escola, viu a mãe ser abandonada pelo pai e deu certo como cantora quando se juntou a Sonny Bono. No entanto, onze anos depois de trabalhar como um burro de carga, descobriu que havia assinado um contrato que passava 95% de todo o lucro de sua renda para o marido e pai de seu filho e 5% para o advogado. Ou seja: ela não tinha direito a nada!

Cher se separou levando só um carro, tocou uma carreira meia bomba de atriz, teve o segundo filho com Greg Allman e até conseguiu um Oscar. Sempre em conflito com o tempo (trabalhava pacas para bancar a família toda, mas sempre querendo estar com os filhos), depois de famosa ela ainda precisou responder, quando a mãe lembrou que certa vez avisou que a filha devia ter se casado com um homem rico: “I’m the rich man!” (“Eu sou o homem rico!”). A plateia delirou! Mas, putz, que cansaço disso tudo. Que cansaço das cobranças, das comparações, das separações que homens e muitas mulheres (ainda) fazem por aí. Cher voltou ao topo quando lançou “Do you believe in life after love”, em 1999, e não sei se de lá pra cá ela conseguiu aquela paz que todo ser humano almeja, que é a de poder trabalhar, se divertir, amar e ser amado, sem que isso seja diferente por ele ser branco, negro, amarelo, heterossexual, homossexual, homem, mulher.

Não é diferente com artistas e com advogadas. Não é diferente com políticas e escritoras. “The Cher Show” mostra isso a quem está com os olhos abertos e ouvidos atentos para a questão. Quem não está, vai achar tudo aquilo muito normal e as frases acima, engraçadinhas (isso me assusta). Bom, fico com minhas reflexões enquanto indico o musical a quem vier a New York. A parte dos figurinos me arrebatou também. Além do que, os atores arrasam e as meninas que interpretam Cher em três diferentes fases são incríveis. Vale ressaltar a criatividade do roteiro: as três versões da cantora interagem o tempo todo como se conversassem narrando a história, enquanto vira e mexe uma ou outra deixa as outras duas para atuar. Amei tanto que chorei, sorri, senti emoções que fazia tempo não sentia e saí vestida com a camiseta unissex que comprei. Ah, se o mundo fosse todo unissex…

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