Nota: Não ler esse texto sem conferir
Fagner: um encontro com o passado e com o presente
Oi, Chris!
Obrigado pela referência a mim em sua página do Facebook e agradeça ao Fagner pelo CD Pássaros Urbanos, autografado, que já aguardo, ansioso, para “degustar”. Foi perfeita a sua referência direta à canção Canteiros, que realmente sempre toquei nos saraus da vida. E, por que não dizer, que a toco até hoje quando meu violão é solicitado? No entanto, o LP Manera Fru Fru, Manera conquistou-me tão profundamente quando lançado, em 1973, que eu o tocava quase todo. Até hoje me emociono quando ouço ou toco Mucuripe (com arranjos de Ivan Lins e também de um dos maiores violonistas da bossa nova, Luiz Cláudio). A interpretação de Fagner dispensa comentários, né? Pés de Sonhos e Penas do Tiê, com Fagner em dueto com Nara Leão, sempre cantávamos, eu e sua mãe, nesses mesmos saraus e era sucesso certo!
Muito bom, muito bem produzido por Roberto Menescal, Paulinho Tapajós e Fagner, Manera Fru Fru, Manera apresentou ao Brasil um nordestino magrelo, cabeludo, ainda desconhecido, que chegou com muita garra mostrando para que veio! Conseguiu desviar a atenção dos roqueiros mais “xiitas”, como eu naquela época. Logo percebemos a clara influência do rock’n’roll (o ex-baixista do grupo de rock Soma, Bruce Henry, participou desse LP) em seu trabalho, o que também viria acontecer pouco depois com a chegada de Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho. Nem o desfecho desagradável e covarde do processo que obrigou a gravadora a retirar Canteiros das novas edições do vinil – ou a inutilização da faixa nos já editados -, na época recolhidos para tal fim e, depois, devolvidos às lojas, comprometeram a imagem do grande artista ou impediu sua escalada ao sucesso absoluto.
Por favor, mande esse recado para ele, Chris: “Valeu, Fagner, pelo serviço prestado à MPB de qualidade! Quem sabe não ganho outro CD da próxima vez que a Chris for entrevistá-lo, já que vou orientá-la a te dizer que Revelação também fez /faz parte do meu repertório no violão?! O mesmo vale para Coração Alado, que, apesar de preferir executá-la ao piano usando dez dedos para montar os acordes (rsrsrs), sempre fez parte do meu setlist.”
Valeu, Chris, por ter escolhido trabalhar com música, ainda que através do jornalismo musical, praticando-a também como hobby (adoro você, tanto cantando Fênix com sua banda ECT quanto cantando We Can Work Out comigo ao violão) – assim como aconteceu com seu pai. E obrigado por estar sempre trabalhando com aqueles que foram e ainda são meus eternos ídolos, com os quais tanto aprendi de música ao longo desses anos.
Te Amo!
Beijos do seu pai,
Cornélio
Obs.: Em tempo… O Manera Fru Fru, Manera trás ainda pérolas como Sina, Último Pau de Arara e, acredite, uma interessante releitura de uma clássica versão de Erasmo Carlos, gravada por Roberto Carlos em sua fase pré Jovem-Guarda, chamada Nasci para Chorar (Born To Cry). O livro 1973 – O Ano que Reinventou a MPB, editado por Marcelo Fróes e lançado em 2013, conta em detalhes a história aqui resumida desse LP clássico.
Belas palavras Cornélio, esse disco é fantástico! A propósito, Revelação também faz parte do meu repertório. Vamos tocar meu amigo, vamos tocar…