Rock in Rio: festa estranha com gente esquisita teve Bruce(s) e Zépultura

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos Tag:

Nunca uma cobertura de um grande evento foi tão esquisita pra mim quanto esta do Rock in Rio. Mas não posso dizer que não foi gostosa também. Em 2011, fui credenciada pelo GarotaFM, convidada para as coletivas de imprensa e pude assistir a todos os shows que escolhi. Já este ano, tive que escolher dois dias nos quais ia atuar. Mas minha história com o festival é mais antiga. Não tanto quanto a de Luiz Antonio Mello (leia aqui), afinal, em 1985 e em 1991 eu ainda era uma criança. Vou contar aqui, mas quem quiser ir direto às impressões sobre os shows, pule os próximos 5 parágrafos.

Em 2001, tentei através de um concurso do Rock in Rio trabalhar no festival. Não passei porque eu era estagiária na rádio JB FM e não podia me dedicar ao grande evento em tempo integral. Parecia que o sonho tinha acabado, mas puder participar de diversas ações que a rádio parceira, a Cidade (quem se lembra?), promoveu. Vi vários shows na Cidade do Rock e acompanhei alguns processos na redação. Até ficar cara a cara com Noel Gallagher eu fiquei, no dia seguinte do bombástico show do Oasis, em visita dele aos estúdios, no antigo prédio da Avenida Brasil (hoje, um hospital).

rockinrioEm 2008, fiz matéria com Roberta Medina para o site do jornal O Globo  sobre a edição espanhola do Rock in Rio (só achei a reprodução do Extra na internet). Em 2010, voltei a falar com a vice-presidente do festival (na verdade, intermediando uma entrevista de fãs via Twitter) para a falecida revista Megazine do jornal O Globo, já dando informações sobre a volta do festival ao Rio, prevista para o ano seguinte. Também entrevistei a bela para a revista Rolling Stone. E, quando houve o anúncio oficial da volta do festival, eu estava lá pelo site da Rolling Stone. Um pouco antes do evento começar, fui convidada a dar uma palestra na faculdade Estácio de Sá sobre o Rock in Rio (eu como jornalista ao lado de Nuno Sousa Pinto, diretor executivo do festival). E, finalmente, com o GarotaFM, cheguei à Cidade do Rock, em 2011 (todos os posts na tag ‘rock in rio’).

Em outubro do ano passado, fui convidada pelo sócio-diretor da agência que cuida das redes sociais oficiais do Rock in Rio para coordenar a equipe carioca que trabalharia na edição 2013 do festival. Mesmo sabendo que estava num processo de seleção para o mestrado, fui aceita e, porque parecia que tudo ia casar direitinho, aceitei o convite. Troquei o cargo de subeditora do portal Globo Cidadania, onde estava com uma equipe maravilhosa há quase dois anos, pelo sonho de finalmente trabalhar no Rock in Rio. Quando as aulas começaram, foi dito que eu precisava escolher. Bom, depois de dois anos tentando ingressar na universidade para iniciar um trabalho de pesquisa importante para minha carreira (notícias lá pro fim de 2014), optei pelo curso. Pensei: “Tudo bem, vou cobrir o festival pelo GarotaFM novamente e, assim, não deixo de participar.”

Logo que saí da agência, meu contato com a assessoria de imprensa parecia impossível. Ou melhor, eu parecia invisível para as meninas responsáveis pela divulgação do Rock in Rio. Um dia, escrevi pro meu ex-chefe, porque ele havia comentado que, em 2011, era sua agência a responsável pelo credenciamento dos blogs. Ele sugeriu que eu voltasse às assessoras, que novamente me ignoraram (nessa festa estranha com gente esquisita, não descobri se todos estavam muito enrolados ou se alguém não fez questão de ajudar). Certo dia, em um evento na casa de shows Miranda, encontrei Zé Ricardo, diretor artístico do Palco Sunset (vale conhecer melhor). “Vai cobrir o festival de novo este ano, né?”, perguntou-me. Eu disse que achava que não, afinal, ninguém da assessoria de imprensa retornava meu contato. Sempre muito fofo e educado, ele disse que eu seria sua convidada nos dias em que quisesse ir. Não preciso nem dizer que foi só eu comentar que tinha tido esse encontro para que rapidamente tudo mudasse, né?

Consegui que uma das assessoras me convidasse para a coletiva de Zé Ramalho com Sepultura (relembre) e, lá mesmo, a outra veio perguntar se eu era a “Chris Fuscaldo do GarotaFM” e exclamou um “como assim” sobre ela não ter visto meus e-mails. Quando tentei puxar da memória da loura as tantas vezes que eu me apresentei a ela nos últimos 6 meses (e a parceria dos anos anteriores), a moça comentou que o credenciamento tinha fechado, mas ela ia resolver me dando uma credencial que valia para dois dias. Quase agradeci e disse que não precisava mais, pois já tinha até comprado meus ingressos para 19 e 22/09, os dias do metal. Mas acabei pedindo para 21 e 22, para ganhar mais um dia (o sábado) e, sobre domingo, tive a esperança de, com a credencial, poder fazer algo a mais do que só assistir aos shows. E lá fui eu à paisana na quinta e profissionalmente no sábado e no domingo.

Agora sim, o festival

Bruce SpringsteenPelo que perceberam por essa enorme introdução (através da qual eu queria explicar o porquê da cobertura pela metade), não vi muito, mas me deliciei com algumas poucas coisas. Meu TOP5 de melhores shows ficou assim: Bruce Springsteen em primeiro lugar, Sepultura com Zé Ramalho em segundo, Gogol Bordello com Lenine em terceiro, Iron Maiden em quarto e Alice in Chains em quinto. Note que as duas últimas bandas não estão entre as minhas preferidas do line-up, mas, pelo fato de não ter podido acompanhar diversas outras atrações do meu interesse, fiz a lista com base na qualidade técnica do que assisti. Lamento ter que trabalhar pela metade, coisa que nunca fiz em festival algum para o qual fui convidada (já estive, por exemplo, no Planeta Terra, Ceará Music, MADA, SWU, LupaLuna etc). Nem vou comentar o show de quinta, primeiro porque não estava a trabalho, mas curtindo,e segundo porque esse post já está grande demais.

Zé Ramalho com Sepultura em foto por Ariel Martini / I Hate Flash

‘Zépultura’ em foto por Ariel Martini / I Hate Flash

Quem me acompanha sabe que minha maior expectativa era ver o “Zépultura”, nome que a plateia do palco Sunset não parou de gritar antes e durante o espetáculo. Primeiro, um grupo começou a chamar: “Sepultura! Sepultura!” Depois, outra turma entoou: “Zé Ramalho! Zé Ramalho!” Como que num passe de mágica, todos se integraram e, juntos, puxaram o “Zépultura” que consagrou a recepção de todos à união do artista paraibano com a banda de heavy metal.

Set list Zépultura

Set list Zépultura

E, tanto nas canções de Derrick Green, Andreas Kisser, Paulo Jr. e Eloy Casagrande quanto nas de Zé Ramalho, a plateia se animou. Só faltou “Avôhai”, hit pedido pelo público, e um pouco mais de Derrick dividindo os vocais com Zé, afinal, o improviso que o vocalista mandou em “A Dança das Borboletas” deu muito certo! Mas “Admirável Gado Novo” veio a calhar: além de ser uma música de todos os tempos, ficou linda com arranjo pesado. A roda punk da galera da plateia ganhou até passos de ciranda nos trechos que não eram refrão.

Ainda no domingo, o Iron Maiden arrasou com um show de clássicos. O vocalista Bruce Dickinson zoou a cerveja brasileira e chegou a falar “caipirinha” no palco.

Set list Iron Maiden

Set list Iron Maiden

No sábado, estava ansiosa para saber como Lenine ia se encaixar no esquema dos hiperativos integrantes da “banda multiétnica de gypsy punk formada em Nova York” (palavras do Google). E lá estava Eugene Hütz comandando a trupe que não para no palco, trocando de microfone a toda hora e deixando o técnico de som louco (e a mocinha que faz backing vocal sem som quando ela tentava cantar em um deles) quando o músico pernambucano foi convidado a entrar no palco. “O Mundo”, “Alzira e a Torre” e “Pagode Russo” foram incríveis, com Lenine sempre maravilhoso tocando e cantando com o apoio dos vocais e mil instrumentos do Gogol. Que graça Lenine com Gogol BordelloEugene interpretando “O mundo é uma salada russa / tem nego da Persia, tem nego da Prussia / O mundo é uma esfiha de carne / tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire”! Quem em volta não conhecia ficou extasiado e quem já curte ficou paralisado com tantas surpresas.

Para fechar a noite, Bruce Springsteen fez quase três horas de palco com a corda toda. O músico de New Jersey (EUA) já abriu o show conquistando a galera com sua leitura de “Sociedade Alternativa”. E vieram diversas músicas desconhecidas do grande público, sendo que isso não fez a menor diferença (como no show do Bon Jovi, em que as músicas novas apresentadas deixaram os fãs dos velhos hits exaustos): cheio de gás e energia, Bruce prendeu a atenção da plateia do início ao fim. Ele cantou todas as canções do disco “Born in the USA”, puxou cinco fãs para o palco em “Dancing in the Dark” e deu o microfone para um menino cantar um trecho de “Waitin’ On a Sunny Day”. Para quem viu o fofo, mas sempre-igual John Mayer antes, o espetáculo de Bruce foi um presente. Aliás, foi a melhor coisa do meu festival.

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