O violino e a rabeca foram as estrelas da primeira noite em Olinda da Mostra Internacional de Música de Olinda (Mimo), nesta quinta-feira, na Igreja da Sé. O encontro do mestre do violino de improviso, o francês Didier Lockwood, com seu aluno brasileiro, o paulista Ricardo Herz, já havia surpreendido os (mal) acostumados com os modos tradicionais de se tocar o instrumento. Quando, ao final do espetáculo, os convidados rabequeiros da noite subiram ao palco, juntos, a plateia não segurou a emoção. Duelando com Didier e Herz, Antônio Nóbrega, Siba, Renata Rosa e Luiz Paixão deixaram o público de queixo caído.
Ricardo Herz e Trio (guitarra acústica, baixo e bateria) abriram e fecharam os trabalhos misturando estilos. A sensação era de que cada músico tocava um ritmo, mas tudo se encaixava perfeitamente. Houve um momento em que o baixista parecia fazer um forró, enquanto o baterista focava no jazz e o guitarrista abusava de dedilhados. E Herz? Bom, mexendo-se sem parar, ele ia do erudito ao baião, passando pelo jazz e pelo samba. Um dos pontos altos da apresentação na Igreja da Sé foi quando o grupo apresentou “Ponteio”, de Edu Lobo.
“No Brasil, não tem essa tradição do violino improvisado”, comentou Herz no palco montado perto do altar, antes de chamar Didier para dar continuidade ao espetáculo.
O relógio parou e ninguém sentiu quão longo foi o show do francês. O dedo mais veloz da Europa, Lockwood passeou do samba ao jazz, regendo o trio que acompanhou Herz como se eles também devessem entrar na onda do improviso. E deu certo. Ora um instrumentista solava, ora Didier assumia a frente do palco. Com pedais de “wawa”, ele mostrou que há diversas maneiras de se arrancar som de um violino. Com o de “loop”, o mestre dispensou o trio e montou sua própria banda, arrancando do violino som a som (som de baixo, som de cajon, som de violino base, som de vento, som de mar…) e registrando para depois usar como base para seus solos (entenda melhor assistindo ao vídeo, abaixo).
Depois de participações dos rabequeiros Renata Rosa, Siba, Antônio Nóbrega e Luiz Paixão (cantora e instrumentista paulista, criador do grupo pernambucano Mestre Ambrósio, um dos primeiros integrantes do Quinteto Armorial e o veterano rabequeiro da Zona da Mata), o final foi apoteótico, com todos juntos, duelando.
A Mimo é realizada há seis anos em igrejas e praças da cidade Patrimônio Histórico de Olinda.
Demais a performance de todos, em especial a do Didier Lockwood. Assisti o francês nos anos 80, no Rio, e saí do show pensando nos músicos que ignoram os limites. Didier, seu conterrâneo Jean Luc Ponty, Egberto Gismonti, Felipe Mello, Michael Hedges (p.q.p. morreu em 99 num desastre de carro na Califórnia) e por aí vai. Cada vez mais os brasileiros tem prestigiado as manifestações musicais alternativas, como esse festival que parece ter tranformado violinos e rabecas em citaras, guitarras, berimbais. Que bom!
ÓLA, BOA TARDE !!
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UMA ABC
MARCOS MESQUITA