Pílula biográfica: Vanusa foi a primeira a gravar ‘Avôhai’, de Zé Ramalho, um louco pela musa da Jovem Guarda

Posted by Chris Fuscaldo Category: Garota FM

A pílula biográfica de hoje homenageia Vanusa, ícone da música que se despediu desse mundo neste domingo (08/11), e traz a história que ela e Zé Ramalho me contaram para a biografia do cantor e compositor paraibano que está em produção:

Augusto César Vannucci era um paulista que chegou à TV Globo meses após sua inauguração, em 1965. Até os anos 1980, atuou como diretor e produtor de programas da emissora, tendo se destacado à frente (ou melhor, por trás das câmeras) de musicais como Globo de Ouro e Aquele Abraço e, mais tarde, a humorísticos como Os Trapalhões. Zé Ramalho o conheceu nos bastidores do Festival Abertura, em 1975, e, ao se lembrar da boa recepção do produtor, que lhe fez perguntas sobre os cantadores do Nordeste e outros assuntos, foi até a sede da Globo, no Jardim Botânico. Visionário, generoso, talvez por ser espírita praticante, Vannucci ouviu a fita demo (uma que Zé gravou e nenhum outro diretor artístico aprovou) e se mostrou encantado. Vanucci tentou empurrar Zé para a Som Livre, mas João Augusto, o pai de Cazuza que trabalhava lá, não se animou com as letras.

Dias depois, Vannucci chamou Zé para voltar a seu escritório para lhe dizer que tinha uma pessoa que queria gravar a canção que ele tinha mais gostado da fita, Avôhai, e ainda estava lhe convidando para participar do registro tocando viola. Quando o paraibano ouviu o produtor articular o nome Vanusa, passou rapidamente pela sua cabeça um filme em que as cenas eram protagonizadas por uma loira linda, sexy, voluptuosa, que cantava sucessos do rock nacional nos programas de TV da Jovem Guarda. Seus olhos verdes brilharam e quase derramaram lágrimas de emoção quando o marido da cantora – que ele chegou a desejar na adolescência – lhe entregou um bolo de notas de cruzeiros e pediu que comprasse uma passagem de avião e estivesse dali a uns dias em São Paulo, onde aconteceria a gravação.

Sem saber como funcionava esse negócio de “ponte aérea” que o Vannucci indicou, Zé preferiu pegar um ônibus da Viação Cometa, mas acabou chegando no dia seguinte no local marcado. Com a viola na mão, não passou da portaria, já que seu nome não estava na ordem do dia, e ficou sentado na calçada sem saber o que fazer. Para sua sorte, o casal Vannucci e Vanusa chegou logo depois e, após ouvir o pedido de desculpas (sem maiores explicações) pelo atraso, levou-o para tocar por cima dos arranjos do grande maestro Lincoln Olivetti. Zé achou estranho ver uma música sua e tão sua na voz de uma outra pessoa, mas sentiu firmeza no canto de Vanusa. A faixa entrou no álbum 30 Anos, que ela lançou em 1977, mas só engrenou nas rádios quando a leitura do próprio Zé Ramalho da canção foi lançada em seu disco de estreia, em 1978.

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