Do Rio para Berlim: por onde andam as prostitutas?

Minha terceira coluna olímpica publicada no jornal alemão Taz traz uma reflexão sobre a situação em que ficam as prostitutas em grandes eventos. Em português, seria assim:

Prostitutas: por onde elas andam

Nos primeiros dias de Rio 2016, um judoca medalhista belga acabou na delegacia após levar um soco do recepcionista de um hotel no qual ele adentrou nervoso, atrás de uma prostituta que teria roubado seu celular. A moça não foi encontrada e, ao ver a confusão em que tinha se metido (e perceber que a história não demoraria a viralizar nas redes sociais), o atleta decidiu não registrar a ocorrência. Na hora em que li a nota divulgada pela imprensa, comecei a fazer diversas perguntas a mim mesma: Será que ele não quis assumir que tinha estado com uma profissional do sexo por vergonha ou falso moralismo? Como será que está sendo esse período de festas para essas mulheres?

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Alguns dias se passaram e me dei conta de que, em meio a tantas surpresas, polêmicas e escândalos (diversos casais homossexuais mostrando a cara, nadadores mentindo para a polícia, vídeos de judocas sendo racistas surgindo nas redes sociais…), não apareceu mais nenhuma que desse conta de alguma notícia envolvendo uma prostituta. Fui, então, atrás de quem entende do assunto.

Autor do projeto de Lei que regulamente o exercício da profissão, que está tramitando no Congresso Nacional, o deputado federal Jean Wyllys sugeriu que eu procurasse a Monique Prada, ativista pelos direitos das prostitutas. Quando conversamos, ela foi enfática: “Esses megaeventos são horríveis para as profissionais! As que trabalham nas ruas são convidadas a se retirar para outros lugares da cidade onde não está acontecendo nada relacionado ao evento.” Voltei a me fazer perguntas: Por que não regulamentam isso logo em vez de expor a riscos tanto as moças quanto os próprios clientes (vide o tal belga)? Se a profissão não é ilegal e a questão é só moral, por que tratá-las como se fossem criminosas?

A fala de Monique me fez lembrar dos pivetes de rua, esses que roubam os transeuntes, pessoas que a Prefeitura sempre leva para outros lugares em época de grandes evento. Só que, findado o evento, eles voltam e a vida recomeça do ponto onde parou. No caso delas, a vida recomeça com um certo prejuízo financeiro… Ainda bem que, lindas e espertas que são, isso logo é recuperado.

Taz coluna 3

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