Luhli & Lucina têm seu valor e status de pioneiras da música independente reconhecidos no documentário ‘Yorimatã’

A década de 1970 soa até hoje como uma das mais férteis para a música brasileira. E, também, para os anseios de liberdade que grande parte da população do país carregava naqueles tempos de ditadura militar. Foi nesse momento que duas mulheres tão férteis quanto ávidas pela libertação se encontraram e construíram juntas uma linda história de amor costurada pela arte de compor, tocar e cantar. A carioca Luhli (Heloísa Orosco Borges da Fonseca) e a mato-grossense Lucina (Lúcia Helena Carvalho) já dominavam o violão e faziam belas canções, mas foi depois que o encontro se deu que elas criaram uma obra digna de respeito, apesar de pouco respeitada à época. A história  de como as pressões da indústria fonográfica colaboraram para que a dupla Luhli & Lucina percorresse um caminho alternativo (e, se bem observado, precursor de muitos movimentos que vieram a se estabelecer 30 anos depois) é contada por Rafael Saar no sensível e delicado filme Yorimatã, feito (como tudo no Brasil) com todo esforço que um cineasta iniciante precisa para conseguir executar um projeto e distribuído no circuito comercial após um bem-sucedido crowdfunding.

Luhli e Lucina ontemLuhli e Lucina hojeLuhli e Lucina foram as primeiras artistas a levar tambores dos terreiros para a música popular. Foram também as primeiras mulheres brasileira a produzir, gravar e distribuir um disco – Luli e Lucinha, de 1979 – de forma independente (Antônio Adolfo foi o primeiro homem a fazer isso no país). A dupla enfrentou tudo e todos para viver um relacionamento a três com o fotógrafo Luiz Fernando Borges da Fonseca, que registrou  em filmes 8mm o dia a dia deles e de seus filhos (dois de cada uma, todos de Luiz) tanto no pacato sítio em Filgueiras, na cidade de Mangaratiba (RJ), quanto nos shows que faziam nas cidades grandes. O estilo hippie inspirou canções registradas também nos outros álbuns de Luhli & LucinaAmor de Mulher – YorimatãÊta Nóis!Timbres Temperos; e Porque sim porque não. Inspirou também as eternizadas por Ney Matogrosso (O vira, parceria de Luli com João Ricardo; Pedra de rio; e Bandolero) e Joyce Moreno (Doçura forte). Ney e Joyce são duas das participações no documentário, que traz ainda Gilberto Gil, Zélia Duncan, Itamar Assumpção e as irmãs Tetê e Alzira Espíndola.

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