‘Heróis da guitarra brasileira’ conta a história do instrumento

Fala-se muito dos “guitar heroes”, mas pouco vinha se falando dos “heróis da guitarra”, assim, em português. De vez em quanto até rola um prêmio para um, um destaque em revista para outro… Mas juntar todos eles num projeto só e, dessa forma, mostrar o potencial que o músico brasileiro tem, acho que é a primeira vez agora. No livro Heróis da Guitarra Brasileira (editora Irmãos Vitale), os jornalistas Leandro Souto Maior e Ricardo Schott contam a trajetória dos principais guitarristas do país, o que explica também a história do instrumento elétrico no Brasil.

Armandinho por Nathan Thrall

Armandinho por Nathan Thrall

Conta o livro que a guitarra começou a figurar em algumas gravações da música popular a partir dos anos 30: o instrumento teria tido sua primeira versão construída pelo violonista potiguar Henrique Brito. Porém o paulistano Garoto (Aníbal Augusto Sardinha) também leva o título de inventor por ter, em 1936, gravado canções com uma guitarra havaiana. A versão usada nos trios elétricos nordestinos ganhou o nome de pau elétrico e foi uma invenção dos músicos Dodô e Osmar. Filho de Osmar, Armandinho é um herói da guitarra e também está perfilado na publicação.

Influenciada por Beatles e outras bandas, a Jovem Guarda inseriu de vez a guitarra na música brasileira. A turma da Bossa Nova não se deixou influenciar, mas a da Tropicália mergulhou nas experimentações que contavam com o instrumento elétrico. E a guitarra se consolidou no país, possibilitando o surgimento de bandas de rock progressivo, de punk rock, de heavy metal e de outros gêneros musicais. Expoente do movimento liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil (entre outros), Sérgio Dias, guitarrista da banda Os Mutantes, também ganhou destaque em Heróis da Guitarra Brasileira.

Frejat por Ernesto Carrico

Frejat por Ernesto Carrico

A cena musical da década de 80, no Brasil, foi marcada pelo rock influenciado pelo punk estrangeiro. Paralelamente ao surgimento de bandas como Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, cujos guitarristas Herbert Vianna e Frejat (respectivamente) se destacam no livro, a guitarra também deu o tom à gêneros como a lambada, que surgiu no Pará na década de 1980, tendo como base o carimbó e a Guitarrada “inventada” pelo Mestre Vieira, a maior influência de Chimbinha (Banda Calyspo), entre outros. Representante do heavy metal, Andreas Kisser é figura essencial para a história da guitarra no Brasil, assim como Renato Barros, líder da banda Renato e Seus Blue Caps e um dos principais nomes da Jovem Guarda. 

Celso Blues Boy por Felipe Oneill

Celso Blues Boy por Felipe Oneill

Mestres conhecidos por sua guitarra e não por fazerem parte de uma banda, Paulinho Guitarra, o falecido Celso Blues Boy e Victor Biglione também são heróis da guitarra brasileira, assim como os instrumentistas que acompanham popstars. Entre eles está o feríssima Paulo Rafael, que toca com Alceu Valença, e Rick Ferreira, que tocou com Raul Seixas e Zé Ramalho. Estão no livro muitos outros nomes que vale a pena homenagear.

Curiosidades sobre a história da guitarra no Brasil:

– O cearense Zé Menezes começou a tocar cavaquinho e, em 1949, passou a integrar, como guitarrista, o Quarteto Continental. Em visita ao Brasil, o guitarrista norte-americano Les Paul deu a ele uma Gibson Les Paul 1962. Menezes gravou em álbuns de Roberto Carlos e foi o autor do tema de abertura de “Os Trapalhões”.

– Na década de 50, Ângelo Apolônio, o Poly, tocava guitarra havaiana, o pedal steel, em São Paulo Nos anos 1960, tocou com Demetrius e Erasmo Carlos e ganhou uma guitarra em sua homenagem, a Giannini Apollo.

– O carioca Bola Sete (Djalma de Andrade) fez suas primeiras gravações no rádio, nos anos 40, e formou um trio com Zé Menezes e Garoto. Morou na Itália e nos Estados Unidos, onde fez carreira. Gravou guitarras em alguns discos da Odeon em meados da década de 50, durante uma temporada que passou no Brasil.

– Em 1967, liderada por Elis Regina e com a presença de Jair Rodrigues, Edu Lobo e até Gilberto Gil, a “Passeata Contra A Guitarra Elétrica” atraiu a atenção da mídia. A corrente conservadora da música tinha como slogan “Defender O Que É Nosso”.

Heróis da Guitarra Brasileira pode ser adquirido no site da Vitale  ou nas livrarias e eventos de música.

Lançamentos previstos:

Heróis da Guitarra BrasileiraDia 29/11 no Solar Jambeiro, em Niterói, (Rua Presidente Domiciniano, 195, Ingá) a partir das 16h, com show de Paulinho Guitarra.

Dia 01/12 na Livraria Cultura (Rua Senador Dantas, 45, Centro) a partir das 18h, com pocket show da banda Fuzzcas e canjas dos heróis da guitarra que aparecerem.

Dia 06/12 no Godofredo Bar, em Belo Horizonte (Rua Paraisópolis, 738, Santa Teresa),  a partir das 18h.

Dia 13/12 no Circo Voador, ( Rua dos Arcos, s/nº) no evento Circo Rock, a partir das 21h.

2 thoughts on “‘Heróis da guitarra brasileira’ conta a história do instrumento

  1. Renato Barros onde entra nesta historia? O comentarista faltou em mencioná-lo no texto acima. Ele já tocava violão desde os 5 anos. É considerado o “primeiro guitar hero” do Brasil, e graça a DEUS encanta todos nós com suas guitarras pelos quatro cantos do país.
    Vou comprar o livro porque êle está lá.

  2. Olá, Plinio!

    Renato Barros é um dos mais importantes heróis da guitarra do Brasil, mas como este post não tinha obrigação de citar todos os personagens do livro, não o incluí por descuido. Mas, considerando que Renato é também um dos meus heróis da guitarra preferidos, fiz uma edição no texto para poder contemplá-lo. Agradeço por me chamar a atenção para esse lapso.

    Abraços,

    Christina Fuscaldo

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