Garota FM

Três dias de gravação e o cansaço seguindo em ordem crescente. Foi assim a semana de Fagner e Zé Ramalho, que se juntaram para gravar um DVD em dupla. No palco do Teatro Net, em Copacabana, de segunda a quarta, a dupla apresentou canções de seus repertórios, acertando e errando até ajustar o roteiro que estará no novo produto a ser lançado pela Sony Music. Cansativo, mas nada excepcional, afinal, é o que acontece em quase toda gravação ao vivo. Apesar das dificuldades, o resultado final com certeza será um presente para os admiradores dos cantautores e para os fãs da verdadeira música sertaneja do Brasil.

Fagner e Zé Ramalho por Marco Amarelo

Direto de Orós, sertão do Ceará, Fagner explodiu na década de 70 firmando-se como um cantor romântico cuja marca mais forte era o sotaque nordestino. Carregando um jeito de falar parecido, mas cantando como só ele faz, Zé Ramalho também nasceu no sertão, só que no da Paraíba. De Brejo do Cruz para João Pessoa, e depois para o Rio, Zé estourou com Avôhai e nunca mais deixou de tocá-la em seus shows. Neste de segunda (para a equipe técnica), terça (para amigos e convidados) e quarta (para pagantes), ele não incluiu seu maior sucesso no repertório pela primeira vez. Mas, na quarta, deu uma palhinha para os convidado. Fagner aproveitou para agradar aos fãs com Borbulhas de Amor, outra que não estava no roteiro.

Fagner e Zé Ramalho por Marco Amarelo

Vestindo camisas azuis (Zé com um azul mais escuro do que Fagner), Fagner trouxe um violão de nylon Goldin e Zé Ramalho, seu Takamine de aço decorado com o adesivo do disco Nação Nordestina. Dois Querer abriu a noite e foi seguida por outro sucesso de Fagner, Asa Partida. Dividindo as partes como nas músicas anteriores, os dois entoaram a primeira de Zé, Pelo Vinho e Pelo Pão. Zé Ramalho se entregou de corpo e alma à Mucuripe, do amigo e vizinho (quando Fagner não está em Fortaleza, é no prédio de Zé, no Rio, que ele mora). A interpretação de Noturno também surpreendeu. Chão de Giz tocou Fagner, mas ele não conseguiu cantar tantas frases quanto o dono da música. Foi nesse momento que a super banda, uma junção dos músicos que se apresentam com os dois, entrou no palco.

Fagner e Zé Ramalho por Marco Amarelo

Romance no Deserto puxou um coro da plateia e A Terceira Lâmina foi a música de Zé que o cearense melhor interpretou. Depois, a dupla entoou um sertanejão chamado Canção da Floresta, de Sebastião Dias, um cara que Fagner disse hoje ser Prefeito de uma cidade pernambucana. Jura Secreta, Fanatismo, Garoto de Aluguel e Eternas Ondas fizeram sucesso, apesar de Fagner e Zé Ramalho mostrarem tensão com os pequenos erros, normais em qualquer gravação de DVD. Zé resgatou de seu baú de canções lado B Kamikase, que recentemente Zeca Baleiro buscou lá também para incluir no DVD que gravou com músicas do paraibano. Depois que Fagner terminou Pedras Que Cantam, a plateia jurava que ouviria Zé Ramalho resgatar da trilha sonora da novela Pedra sobre Pedra a sua Entre a Serpente e a Estrela, mas ele apresentou uma música mais famosa ainda: Admirável Gado Novo, sucesso de O Rei do Gado.

A saída foi inesperada. O público queria mais. Fagner e Zé Ramalho voltaram meio mau-humorados, então, para mais músicas. Fagner apresentou Canteiros, juntos eles repetiram Romance no Deserto e Garoto de Aluguel e cada um tocou o seu hit.