No Prêmio da Música Brasileira, os shows de samba foram a melhor parte

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos

Depois de muitas edições celebrando grandes artistas, o Prêmio da Música Brasileira escolheu o Samba para homenagear em sua 25ª edição.

Os apresentadores Mateus e Camila / Foto: Tata Barreto

Os apresentadores Mateus e Camila / Foto: Tata Barreto

“O homenageado deste ano não tem nome, sobrenome ou naturalidade certa. Ele não virá aqui em carne e osso defender sua obra nem passaremos vídeos do início de sua carreira. Não tem RG nem OMB nem certificado de residência, mas transporta nossa identidade… nosso berço, nosso amor, nossa felicidade clandestina. (…) Com apenas cinco letras, balança seis continentes. Gringos como funk, pop e rock tentam seduzi-lo. (…) O nome dele é samba”, anunciou Gilberto Gil, recitando um dos textos escritos por Zélia Duncan para a cerimônia de entrega das estatuetas.

Beth Carvalho no Prêmio da Música Brasileira por Tata Barreto

Beth ovacionada / Foto: Tata Barreto

E as cinco letras balançaram a plateia cheia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com as apresentações. Além de grandes nomes, como Beth Carvalho e Zeca Pagodinho (com Arlindo Cruz e Almir Guineto), o samba ganhou de presentes encontros maravilhosos, como o de Criolo com Riachão e o dos baianos Gilberto Gil e Mariene de Castro. Um dos pontos altos foi o belíssimo dueto de Péricles com a cantora beninense Angélique Kidjo: eles incluíram no número afro-brasileiro que levaram ao palco Canto das Três Raças, um clássico eternizado por Clara Nunes. Outra ótima surpresa foi a aparição de Baby do Brasil no palco, rodeada de bailarinas com roupas estilizadas de Carmen Miranda, cantando E o Mundo Não se Acabou, composição de Assis Valente alçada à fama por Carmen. A premiação não teve a menor graça perto do que se viu… ou melhor, do que se ouviu!

Adriana Calcanhotto / Foto: Tata Barreto

Adriana Calcanhotto / Foto: Tata Barreto

O início da cerimônia foi tocante, com o diretor/anfitrião José Maurício Machline agradecendo a presença de todos na festa de Bodas de Prata do Prêmio da Música Brasileira e homenageando artistas que fizeram parte dessa história e faleceram recentemente: José Wilker, Oscar Castro Neves, Délcio Carvalho, Nelson Ned, João Araújo, Reginaldo Rossi, Alexandre Pessoal, Dominguinhos e Jair Rodrigues. Após a abertura de Gil e Mariene – que cantaram É Luxo Só – os apresentadores chegaram para seguir comandando o evento. Camila Pitanga e Mateus Solano arrasaram como poucas duplas conseguiram fazer nos anos anteriores. Bem humorados, articulados, com ritmo e com o texto na ponta da língua (ou uma leitura realmente muito boa da cola), os atores contaram muitas curiosidades sobre o samba ao longo da premiação.

Baby e as bailarinas de Carmen Miranda / Foto: Tata Barreto

Baby e as bailarinas de Carmen Miranda / Foto: Tata Barreto

A primeira categoria foi Canção Popular, que agraciou Angela Maria e Cauby Peixoto (melhor álbum por Reencontro); Chitãozinho & Xoxoró (melhor dupla); Monobloco (melhor grupo); Cauby Peixoto (melhor cantor); e Angela Maria (melhor cantora). Pena que Cauby e Angela não compareceram…

Péricles e Angélique Kidjo / Foto: Tata Barreto

Péricles e Angélique Kidjo / Foto: Tata Barreto

Depois do segundo número musical – o divertido trieto de João Cavalcanti, Pedro Miranda e Moysés Marques representando a geração  que ajudou a “resgatar” o samba da Lapa – foi a vez da categoria Especial. Quem levou o troféu foi Leila Maria por Canta Billie Holiday in Rio (álbum de língua estrangeira), Osesp por Heitor Villa-Lobos – Sinfonia nº 6 e nº 7 (álbum erudito), o produtor Dé Palmeira por Arca de Noé – Vinicius de Moraes (álbum infantil), Nana, Dori e Danilo por Caymmi (projeto especial) e os produtores Rodrigo Sha e André Bastos por Carnaval Beach Club Vol (álbum eletrônico).

Maria Bethânia / Foto: Tata Barreto

Maria Bethânia / Foto: Tata Barreto

Maria Bethânia levou uma canção dos tempos dos Doces Bárbaros ao palco: Tárasca Guidon. Bem mais tarde, voltou para receber o prêmio de melhor cantora na categoria MPB. A penúltima delas deu prêmios ainda a Edu Lobo e Metropole Orkest pelo álbum Edu Lobo e Metropole Orkest, ao Boca Livre (melhor grupo) e a Milton Nascimento (melhor cantor). Defendendo a música Regional, logo após a interpretação da baiana, levaram o troféu Patricia Bastos (melhor cantora e melhor álbum por Zulusa),  Caju & Castanha (melhor dupla), Quinteto Violado (melhor grupo) e Sérgio Reis (melhor cantor). Logo após os apresentadores defenderem o samba de São Paulo, Fabiana Cozza e Leci Brandão entraram em cena cantando ChoreiSaudosa Maloca e Volta por Cima. Substituindo “rezar” por “orar” na letra da canção, Baby cantou logo após Camila e Mateus contarem a história da baixinha que ganhou os Estados Unidos com o samba de Dorival Caymmi.

Ney Matogrosso / Foto: por Tata Barreto

Ney / Foto: por Tata Barreto

Na categoria Pop / Rock / Reggae / Hip hop / Funk, saíram premiados Ney Matogrosso (melhor cantor e melhor álbum por Atento aos Sinais), Passo Torto (melhor grupo) e Gal Costa (melhor cantora). Beth Carvalho apresentou um pot-pourri com Preciso me EncontrarJuízo FinalO Sol Nascerá e foi aplaudida com ênfase pela plateia. Bixiga 70 (revelação), Samba para João, de Wilson das Neves e Chico Buarque, com Wilson das Neves (melhor canção), e Criolo & Emicida – Ao Vivo (melhor DVD) foram os prêmios que se seguiram. Criolo puxou Riachão pelas mãos da coxia para o palco e foi um show a apresentação da dupla. Vá Morar com o Diabo foi sucesso com Cássia Eller, mas é ótima também com o autor da canção.

Zeca Pagodinho e Alcione / Foto: Tata Barreto

Zeca Pagodinho e Alcione / Foto: Tata Barreto

A turma de Zeca Pagodinho cantou depois da entrega dos troféus a seguir: Mundo de Pixinguinha, de Hamilton de Holanda (álbum instrumental); Hamilton de Holanda (melhor solista); e Spok Frevo Orquestra (melhor grupo).

Criolo e Riachão / Foto: Tata Barreto

Criolo e Riachão / Foto: Tata Barreto

Foram distribuído ainda os prêmios Projeto Visual (Adriana Calcanhoto e Fernanda Villa-Lobos levaram pelo álbum Arca de Noé – Vinicius de Moraes) e Arranjador (ficou para Gilson Peranzzetta pelo trabalho no disco Edu Lobo e Metropole Orkest). E, claro, os da categoria SambaSe Me Chamar, Ô Sorte, de Wilson das Neves (melhor álbum); Sururu na Roda (melhor grupo); Zeca Pagodinho (melhor cantor)  e Alcione (melhor cantora).

Camila com Wilson das Neves / Foto: Tata Barreto

Camila com Wilson das Neves / Foto: Tata Barreto

“A paternidade do samba é reivindicada por muitos, mas todos concordam que provém da África”, declarou Mateus Solano antes de convidar Péricles e Angélique para o melhor número da noite, não superado nem por Paulinho da Viola, que encerrou o evento com seus clássicos e a participação de Hamilton de Holanda e da bateria da Portela.

Paulinho, Hamilton e a Portela / Foto: Tata Barreto

Paulinho, Hamilton e a Portela / Foto: Tata Barreto

Ah, foi ótimo também ver o ator chamando Tom Jobim de “pai soberano da bossa nova” (bem ao estilo Félix da novela Amor à Vida) e arriscando um samba ao interpretar um trecho de um sucesso do maestro (“Só danço samba, só danço samba…”) e um de Wilson Baptista (“Eu sou assim / Quem quiser gostar de mim eu sou assim…”).

One thought on “No Prêmio da Música Brasileira, os shows de samba foram a melhor parte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>