Do Amor: cumbia, carimbó e baby doll de nylon em ‘Piracema’

Posted by Tiago Velasco Category: Colaborações

Sexta-feira 13 (de setembro) no Teatro Rival, Centro do Rio de Janeiro. A data, para alguns, poderia sugerir azar. Não para Gustavo Benjão (guitarra e voz), Gabriel Bubu (guitarra e voz), Ricardo Dias Gomes (baixo e voz) e Marcelo Callado (bateria e voz), quarteto que compõe (n)a banda Do Amor. Era o show de lançamento do segundo disco, “Piracema”, em casa, junto aos amigos. E o astral não ia cair por qualquer crendice.

O clipe da faixa que dá nome ao disco passou no telão da casa em torno das 22h. Era o sinal para o pequeno público presente de que a apresentação estava se iniciando. A abertura foi com a primeira do disco, “Ar”, tocada pelo DJ, ainda com as cortinas fechadas. O show começou, de fato, com “Ofusca”, música de Benjão com jeito de hit radiofônico. Isso se a indústria musical ainda tivesse algum interesse em lançar algo fora do esquema jabá-música-de-trabalho.

O Do Amor seguia ao vivo a sequência da obra que apresentava oficialmente pela primeira vez. Em “El Cancionero” (“misturo a cumbia com carimbó/ e faço disso um ritmo só/ misturo a cumbia com carimbó/ e faço disso uma festa só”), a banda recebeu Jonas Sá no palco, a primeira das duas participações especiais da noite – a outra foi de Arto Lindsay, que emprestou sua guitarra ruidosa a “Ninguém vai deixar”.

Do Amor e Jonas Sám por Domingos Guimaraens“Piracema” foi concebido no sítio de mesmo nome. Chuvas, trovões e barulhos de bichos e insetos que acompanharam o retiro criativo dos rapazes pululam ao longo da gravação, conferindo a este segundo trabalho “amoroso” um clima de “Pet Sounds” tupiniquim. E eles – os barulhinhos – também estavam ali no Rival, recriados em samplers soltados nos momentos certos.

Seja pela vibe de casa de campo, seja pelo balanço do Norte do país (“Undum”, “Eu vou pra Belém”) reprocessado e deglutido sob uma estética rock, vai saber, os presentes que optaram por não ficar nas mesas dispostas no salão não pararam de dançar. Até um tiozinho de terno e gravata que parecia ter caído de paraquedas requebrava e respondia com palmas ao fim de cada música. Mas foi “I’m a Drummer”, dos versos “I’m a drummer/ and my life is such a drama/ I just don’t know anything of melodies/ and harmonies”, que tirou exclamações de felicidade do eterno hermano Rodrigo Amarante.

Após interpretar todas as faixas do álbum, a banda retornou para o bis. Além de repetirem “Ofusca”, apresentaram “Shop chop”, “Pepeu baixou em mim”, canções do trabalho anterior (“Do Amor”), e a sensacional versão para “Baby doll de nylon”, parceria de Robertinho de Recife e Caetano Veloso. O baby doll de nylon combinou com o povo no Rival e encerrou a apresentação fazendo da noite uma festa só.

Fotos de Domingos Guimaraens.

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