Champignon, Peu e Chorão: o que está acontecendo com nossos roqueiros?

Posted by Chris Fuscaldo Category: Dia a Dia

ChampignonAcordei nesta segunda-feira com a triste notícia da morte de Champignon, baixista da banda Charlie Brown Jr, que aparentemente deu um tiro na boca, em sua própria casa, em São Paulo, de madrugada. Este ano, já tinha ficado arrasada, em março, com a notícia da despedida de Chorão, o vocalista, que foi encontrado morto em seu apartamento bagunçado e cheio de resquícios de drogas. Também tomei um susto ao ler, em maio, sobre o suicídio de Peu Sousa, ex-guitarrista de Pitty, que tocou com Champignon e Júnior Lima na banda Nove Mil Anjos e foi encontrado pela mulher com um cinto amarrado ao pescoço. A única pergunta que vem à cabeça é: o que está acontecendo com nossos roqueiros?

Chorão / Foto: ReproduçãoTerá sido a falta de perspectiva profissional dentro desse mercado em que, para fazer sucesso, é preciso ter “pop” no nome ou balé no palco? Seriam as questões do coração abalando as estruturas emocionais de nossos músicos? Ou será que tanta criatividade não coube dentro de cada uma dessas feras? Fico entre a primeira e a terceira hipótese, sendo que a segunda foi bastante cogitada no caso de Chorão, um homem que amava muito a música, o skate e a família e tinha recém-separado da mulher pela qual era louco. Também foi dito que Peu estava triste com uma briga com a esposa, mas isso foi logo tirado do pacote de motivos que teriam feito ele desistir da vida. Sobre Champignon, não se falou nada parecido, afinal, ele havia acabado de chegar de um jantar com a mãe do filho que teria daqui a quatro meses.

Peu SousaO fato é que, seja por um motivo ou por outro, o Brasil fica mais triste e muito mais pobre musicalmente este ano, com essas perdas. Este post é uma homenagem aos três, um desabafo sobre a saudade que sinto do bom rock brasileiro e, também, um apelo para que os que restaram dessa ótima safra noventista não sigam pelo mesmo caminho. A música passa por ciclos e não acredito que essa fase ruim que estamos vivendo, em que um prêmio como o Multishow só leva ao palco nomes como Naldo e Anitta, vai durar tanto assim. O Rock in Rio em 2001 mostrou que era possível trazer o rock de volta (sim, este rock do Charlie Brown Jr. e de outras bandas contemporâneas) depois de um longo e tenebroso inverno em que nossos casacos eram o axé e o pagode romântico. Talvez esta edição do festival não esteja com tanta força para novamente estimular um movimento. Mas quem sabe surjam outros eventos? Quem sabe em 2015 Roberto Medina descubra ou redescubra atrações que merecem espaço em um de seus palcos? Quem sabe a Mídia Ninja, os Black Blocs ou sei lá qual grupo não resolva sair às ruas para pedir a volta do rock?

Ser artista não deve ser fácil. Dar conta do turbilhão de informações, criações e emoções que esses caras fabricam o tempo todo em suas cabeças é tarefa árdua para um ser humano só. Se a gente de vez em quando se dá conta de que nosso corpo é frágil e, exposto ao menor dos problemas, pode até parar de funcionar, por que não acreditar que nossa mente também é sensível a esse ponto? É o cérebro que comanda o corpo. E, nesta segunda semana de setembro, o de Champignon se sensibilizou com algo que nunca vamos saber o que foi (a não ser que ainda encontrem algo em seu apartamento que deixe qualquer pista) e mandou que suas mãos executassem o ato que abalou o mundo do rock. Estou triste! Estou de luto, de camisa preta, mais uma vez!

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