Comecei a trabalhar na Sony em 1993 e passei meses acompanhando a produção do segundo álbum do Cidade Negra, que na época ainda tinha Rás Bernardo no vocal. Quando estava tudo encaminhado, Rás decidiu sair da banda e fiquei sentindo que todo o trabalho tinha se perdido. Mas Leninha, empresária deles na época, arranjou a solução: “Também sou empresária da Banda Bel. Pego o Toni e coloco ele para cantar no Cidade Negra.”
Na primeira reunião, Toni Garrido já chegou com mais articulação do que os outros tinham. Rapidamente, apareceram músicas como “Sombra da Maldade”, “Downtown” e “Pensamento”. Liminha, que tinha vindo dos Estados Unidos para produzir esse álbum, sugeriu de eles incluírem no repertório “Querem Meu Sangue”, que era versão de um sucesso eternizado por Jimi Clyff, e “Onde Você Mora”, de Nando Reis e Marisa Monte.
Tudo foi dando certo até que, um dia, liguei para o estúdio para pedir a lista de músicas. Queria adiantar os encartes, mas vi que “Onde Você Mora” não estava lá. Pedi para falar com Toni e ele me disse que não ia gravar. Tentei convencer da melhor maneira. Nada. Aí, me irritei e disse que se a banda não gravasse, eu suspenderia o contrato, afinal, já estava de saco cheio daquela confusão. No dia seguinte, Toni aceitou a gravação e a música ajudou a fazer o disco alcançar a marca das 800 mil cópias vendidas. “Onde Você Mora” foi o primeiro single.
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