Guitarrista de Alceu Valença convida Jr. Tolstoi e Lúcio Maia ao palco

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

Paulo Rafael e sua guitarraJornalista sempre leva a culpa por todas as falhas de comunicação. Então vou aproveitar para meter o malho em mais um (sem citar o nome, porque tenho ética) e, dessa forma, explicar a Alceu Valença porque Paulo Rafael convidou outro baixista para acompanhá-lo no show que apresentará no projeto “Conexão Rio”, nesta segunda-feira (05/08), às 20h30, no Espaço Sérgio Porto (R. Humaitá, 163, RJ – Tel.: 21-2266-0896). A culpa é daquele escriba nordestino que fez uma matéria sobre o guitarrista pernambucano e, no meio da conversa, comentou que ele sempre grava seus discos com a mesma banda. Sim, Alceu, o repórter fala desta banda que te acompanha e com a qual, por seus integrantes viajarem sempre juntos, Paulo está acostumado a trocar ideias musicais. A opinião do moço fez o guitarrista refletir sobre sua produção e querer experimentar algo novo.

“Ele comentou que eu só gravava com o pessoal da banda de Alceu e fiquei com isso na cabeça. Acabei não conseguindo mudar a banda toda, mas convidei um baixista que já havia tocado comigo em um dos meus discos, o Jr. Areia, que toca com o mundo livre s/a e tem um projeto chamado Música Aberta. Alceu me perguntou por que não chamei o Nando, mas acabei não explicando”, conta Paulo, que acredita que tenha deixado o colega um pouco triste: “Acho que ficou um pouquinho, sim. Mas ele vai entender, né?”

Bom, tentei dar uma força e registrar aqui a história que Alceu deveria saber. E espero que Fernando Nunes compreenda, assim como os guitarristas amigos devem entender a escolha que Paulo Rafael fez de ter Jr. Tolstoi e Lúcio Maia (Nação Zumbi) no palco para canjas especiais:

“O produtor do Conexão Rio sugeriu de eu chamar Robertinho de Recife e eu disse não, porque ele é meu concorrente (risos). Achei que, para este show, tinha mais a ver o Tolstoi e o Lúcio, que tocam guitarra de forma diferente. Como o Areia mora em Recife e eu fui para o festival de Garanhuns, ensaiamos lá e mandei para o Tolstoi duas faixas que foram gravadas em vídeo. Ele escolheu ‘O que Será de Nós’. Já Lucio, eu ainda não sei o que vai tocar. Vou deixar ele decidir.”

Paulo RafaelCom Tovinho (teclados), Cassio Cunha (bateria), Paulo Rafael apresentará canções dos três discos autorais que já lançou. Como diz o jornalista amigo Julio Moura no release de divulgação, o guitarrista passeia entre “o rock e o baião, o jazz e o xote, o blues, a bossa, o samba e o maracatu, num mix de gêneros que constituem a própria essência de sua música.” O álbum mais recente, “Alado”(2010), traz a participação do trombonista Vittor Santos e do guitarrista Gabriel Thomaz, entre outros, em temas como “Surfando a Pororoca”, “O voo do viajante alado”, “Tropical” e “Puro malte blues”. Todas essas estão no repertório do show. Acostumado a dividir o palco e as atenções com outros guitarristas, Paulo Rafael, que há 35 anos iniciou sua trajetória na banda Phetus, tocou com a mitológica Ave Sangria e logo passou a integrar a banda de Alceu Valença, com quem toca até hoje, jura que duas guitarras no palco não é sinônimo de duelo.

“Não duelamos. É um dueto. A gente se entende. É só combinar antes o que cada um vai fazer. Mas, quando não é só uma participação, mas uma formação de banda, tem que ter ensaio porque música instrumental é levada a sério pelos músicos”, brinca.

Para quem pensa que música instrumental não conta história, Paulo Rafael explica que cada composição sua é inspirada por alguma imagem que vem à cabeça: “Toda música tem uma imagem do que ela representa. Tem as mais românticas… Tem uma chamada ‘Insônia’, que é para a falta de sono mesmo.  É uma música grande e calma. Naqueles dias das manifestações, eu estava vendo um documentário sobre clima e fiquei imaginando que, daqui a pouco, vai tudo pro brejo. Porque os políticos ficam dizendo que os cientistas exageram, mas vejo em fotos aquela camadinha em volta do planeta e não consigo imaginar que vai aguentar tanto tempo. Aí saíram os acordes tensos, que viraram ‘O que Será de Nós’. E a música vai ficando mais tensa ainda.”

Os outros álbuns lembrados por Paulo Rafael no palco serão “Vagalume” (1995) e “Orange” (1992).

2 thoughts on “Guitarrista de Alceu Valença convida Jr. Tolstoi e Lúcio Maia ao palco

  1. Paulo Rafael arrepia. Ele traduz para a guitarra a linguagem do Alceu, impressionante.
    Admiro seus solos de guitarra, sua tranquilidade.

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