Padre Marcello Martiniano Ferreira: amor a Deus e à música

Posted by Cornélio Melo Category: Colaborações

Padre Marcello Martiniano FerreiraConheci Pe. Marcello Martiniano Ferreira, professor e organista, no tempo em que estudei no Colégio Salesiano de Niterói. Não fui seu aluno e não tive qualquer relação musical com ele, mas, ainda garoto, já o admirava quando tocava os primeiros acordes no monumental órgão de Basílica de nossa Sra. Auxiliadora, na missa das 9h de domingo, para os alunos, seus familiares e fiéis de maneira geral. Emocionava-me ao ouvi-lo comandar todas aquelas pessoas que, juntas, cantavam os hinos sacros com o acompanhamento vibrante do órgão que, ainda hoje, é o maior da América Latina e o 5° maior do mundo, tendo sido inaugurado a 15 de abril de 1956, construído pela firma italiana Tamburini, de Crema, na Itália (saiba mais sobre os órgãos).

Pe. Marcello era mineiro de Ponte Nova (MG), nascido em 1932. Fez o seminário em São João Del Rei, ordenando-se padre. Chegou ao Salesiano de Niterói em 1959, depois de ter iniciado seus estudos em piano na Universidade Federal do Rio d janeiro (UFRJ), e assumiu de vez o grande órgão da Basílica. Cursou canto Gregoriano, doutorou-se em musicologia em Roma e, depois, em Sorbonne, na França.

Em 25/01/2008, tive a felicidade de estar presente ao “Concerto de órgão” por ocasião de Festividade de São João Bosco, na Basílica completamente tomada de pessoas (falava-se em 800 espectadores). Foi montado um telão à frente do altar principal permitindo aos presente não só ouvir, mas também assistir à excelente performance do Pe. Marcello ao órgão, no mezanino da igreja. O concerto foi integralmente filmado pelo Sistema Salesiano de Vídeo Comunicações (SSV) e retransmitido várias vezes pela TV Cultura com a magnífica e emocionante narração do Jornalista Arthur da Távola, também já falecido, um dos maiores conhecedores da música clássica. O programa contemplava obras de Gerolamo Frescobaldi (1583-1643), Johann Sebastian Bach (1685-1750), César Franck (1822-1890), Licinio Refice (1883-1954), Frederick Scotson Clark (1840-1883) e Olivier Messiaen (1908-1992). Ao final do concerto, Pe. Marcello foi ovacionado pelo público e se manteve ostentando a inegável simpatia e a humildade que trazia consigo desde os tempos de menino em Ponte Nova.

Acompanhado do meu amigo Luiz Otávio, ex-aluno do Pe. Marcello, tive o prazer de ser recebido por ele ainda no mezanino, cumprimentá-lo, deixando e recebendo um forte abraço daquele ídolo desde o meu tempo de aluno (foram 6 anos).

Pe. Marcello sofreu um infarto no último dia 7 de junho e faleceu. Tinha acabado de executar uma obra de B. Pasquini quando sentiu-se mal no concerto que fazia na Basílica, tocando no órgão que era, com certeza, uma de suas grandes paixões. Morreu fazendo o que gostava. Descanse em paz, Pe. Marcello! Esteja onde estiver, não deixe de tocar sua música para os presentes. Ah! E, por favor, mande um abraço para o Maestro Affonso Reis, que por mais de 50 anos comandou a banda do Colégio Salesiano, da qual tive a honra de fazer parte durante meu tempo no colégio.

7 thoughts on “Padre Marcello Martiniano Ferreira: amor a Deus e à música

  1. Caro Cornélio, parabéns pelo texto.
    Fui coroinha do querido Pe. Marcelo por mais de 15 anos. Sem dúvida sentiremos muito a sua falta.

    Abraço,
    Heraldo

  2. Caríssimo Cornélio, belo texto. Fui interno do Salesiano Santa Rosa por 4 anos: 2ª e 3ª divisões. O padre diretor, Daniel Bissoli, permitia que eu acompanhasse o Pe. Marcello quando vinha ao Rio tomar aula com o professor Arnaldo Estrela, na Escola Nacional de Música da UFRJ. Padre Marcello foi um amigão que tive. E eu dele. Depois que deixei o Salesiano, Pe. Marcello sempre vinha à minha casa no Rio no 23 de Abril, dia do meu aniversário. Quando ele morou na cidade de Colônia, Alemanha, trocávamos carta mensalmente. Anos depois, minha esposa e eu tivemos a graça de encontrá-lo na Sorbonne. Minha esposa lá fez doutorado em Idade Média e Revolução Francesa. Eu, em Responsabilidade Civil, Pública e Privada. E Padre Marcello cursava a Sorbonne 4.

    Foram 3 anos de felicidade, tanto quanto eu estudava interno no Santa Rosa. Pe. Marcello sempre me autorizava a tocar no majestoso órgão Tamborini. Também fui aluno de piano do professor Arnaldo Estrela. Mas não concluí o curso.
    A mãe de Pe. Marcello chamava-se Myrtes. Eu a conheci lá em Ponte Nova, onde também estudei por 4 meses, enquanto estava interno em Niterói. Não posso escrever minha biografia sem citar minha amizade com o Padre Marcello Martiniano Ferreira. O maestro Affonso Reis e o professor Walmor foram dois outros amigos. Quis o destino que anos depois fosse eu advogado da Inspetoria Salesiana. O órgão foi desmontado para a Itália em 3 conteiners para ser revisto e consertado. Como voltou em 4, a Alfândega criou caso. Voltou em 4 para preservar todas as peças —- as mesmas que foram —-. Provei na Justiça e consegui a liberação.

    Quanta saudade. Padre Marcello, Padre Daniel, Mestre Affonso, Professor Walmor Muniz,vivem entre nós. Estão presentes em nossas vidas. A natureza humana desaparece, mas a Divina permanece.

    Jorge Beja ( Jorge de Oliveira Beja )
    Tijuca – Rio de Janeiro

  3. Escrevi emocionado comentário, enviei e não foi publicado, só porque ao assinar meu nome coloquei o meu endereço e-mail.
    Bastaria retirar. O conteúdo sempre será superior e valioso em confronto com o meu endereço e-mail.
    Lamento.
    Jorge Beja
    ( rogo que meu comentário seja resgatado e publicado. É Direito meu.)

  4. Meu caro JORGE Beja,

    Tivemos a oportunidade e felicidade de viver uma época de ouro em nossas vidas e esse tempo inclui nossa passagem pelo SALESIANO SANTA ROSA, por sua banda comandada pelo querido saudoso maestro Affonso Reis e, no meu caso , pelas peças de teatro ensaiadas pelo
    Não menos querido e saudoso, Prof. Walmor Marcos Muniz e , desculpe-me o uso do superlativo , um mestre que reconheço como o MAIOR educador que conheci em todo meu período letivo incluindo duas faculdades, de Engenharia e Arquiterura.

    Eu adorava a missa das 9h de domingo (a missa dos alunos com a igreja superlotada tmb por outros fiéis) só para ouvir o Pe. Marcelo ao Órgão; eu ficava arrepiado literalmente com seu acordes pesados e confesso que pouco prestava atenção à missa.
    Saudade, Jorge, muita saudade!

    Muito obrigado pelo seu belo texto.

    Não sei se estivemos por lá na mesma época (estou com 72 e fiquei no Salesiano de 62 a 67). Moro em Niteroi, na Região Oceânica (itaipu).

    Um grande e fraterno abraço!

  5. Olá, Jorge!

    Claro que o seu comentário seria e foi aprovado! Todos passam por aprovação, mas nossa equipe leva em torno de 48 horas para conseguir verificar todos. O seu já está no ar e com resposta do Cornélio.

    A pedido, retiramos o seu e-mail, mas caso queira trocar e-mails com o autor, faça contato com a gente através do [email protected]

    Agradecemos pela sua leitura!

    Abraços!

  6. Obrigado. Muito obrigado. Agradeço à editoria pela publicação do texto que enviei. Sempre fico imensamente emocionado a respeito de tudo que diz respeito àqueles anos que estive interno no Colégio Salesiano Santa Roa. Antes, tinha sido aluno do Colégio São Bento, aqui no Rio.

    Depois, meu pai decidiu me matricular no Santa Rosa. Época boa, não tinha a Ponte Rio-Niterói. Tinha ônibus elétrico. E o vetusto Santa Rosa ainda era do tempo da sua fundação. Foi uma pena derrubarem aquele casarão (lá perto da Santa N.S.Auxiliadora) que servia de dormitório para os primeiros alunos ainda do tempo de Dom Bosco (Giovanni Melchior Bosco, 15.8.1815-31.1.1888). Derrubaram para construir uma piscina olímpica.

    Creio que Cornélio e eu não fomos contemporâneo. Mas certamente que Heraldo e eu fomos, sim. Me recordo dele: um colega magro, belo sorriso, jogava bem futebol…Éramos da mesma divisão. O assistente era o Alney Jonas Dias Rezende. Alney não chegou a ser ordenado. Casou-se em São João Del Rey. O José Noel e eu (éramos internos da mesma divisão) fomos ao casamento. Suntuoso casamento. A noiva era a moça mais rica da cidade. Alney se tornou médico. E que médico!!!. Cardiologista. Foi trabalhar no consultório do professor doutor cardiologista Luis José Martins Romeo (José Luis Romeo). Inesperadamente, logo no início da profissão, para a tristeza, muita tristeza de todos, Alney imolou sua própria. Deixou a filha, Carla Leonor, hoje Engenheira da Embraer. Um talento. Lindíssima. Seus pais (Alney e Edna eram lindíssimos).

    Estudei lá nos anos 1962, 1963, 1964, 1965 e 1966. Os 3 primeiros, interno. Os dois últimos, externo. Saía da Tijuca (RJ), pegava o ônibus até à Praça XVI, depois a barca, depois o ônibus até chegar ao Santa Rosa. O retorno era o mesmo itinerário, inverso. Era distante e cansativo. Mas valia a pena. Quem foi aluno do professor Wenceslau Andreijazik (matemática e latim), Walmor Muniz (francês e filosofia), Luis José (Ciências), José Jardim de Araújo ( Desenho ), Padre Josué (francês ) e tantos outros, nunca se esquece e guarda eterna gratidão. Adquire sabedoria e cultura.

    Vou parar de escrever para parar de chorar. Sinto muita, muita, muita saudade. Mais ainda quando dou conta que eles não estão mais aqui. Mas a vida é eterna. Somos Natureza Humana e Natureza Divina. E a eternidade está no Espírito (Natureza Divina) e não na carne (Natureza Humana). E todos eles, como Natureza Divina, estão presentes em nossas vidas. Intercedem a Deus por nós.E nos indicam o caminho a seguir para a solução de todos os problemas, de todas as dificuldades do cotidiano de nossas vidas e da saúde de cada um de nós e de todos que amamos. Basta pedir que Eles intercedem e atendem. Eles vivem. Convivem conosco.

    “Os sinos maviosos, difundam nos ares
    As notas sonoras de um hino festivo,
    Que o Pai das crianças um dia sonhadas
    Num sonho celeste voltou redivivo

    ( Estribilho )

    Dom Bosco, Dom Bosco,
    Das almas amigo,
    Nos leva contigo
    Aos pés de Jesus”

    ( Trecho Do Hino “A DOM BOSCO SANTO’, Hino Oficial da canonização de Dom Bosco. Autor: Padre PAGELLA )

    Meu amados filhos de Dom Bosco, até breve.

    Jorge Beja ( 77 anos )

  7. Salesianos, alunos e ex-alunos, hoje, 24 de Maio de 2023 é o DIA DE NOSSA SENHORA AUXILIADORA.

    Auxiliadora, Virgem formosa,
    Dos pequeninos, Mãe dadivosa,
    De mil tormentas, entre o furor,
    Teus filhos salva, Astro de Amor

    CÕRO

    Bradamos todos, numa só voz:
    Auxiliadora, rogai por nós (bis).

    ChrisFuscaldo, vi tua fotografia. És linda demais!!

    Salve, Salve, Nossa Senhora Auxiliadora ( Maria Auxilium Christianorum, Ora Pro Nobis )

    Jorge de Oliveira Beja

    http://www.tribunadainternet.com.br/category/j-beja/

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