Thiago Varzé trocou Djavan por Pedro Mariano para fazer novo disco

Thiago VarzéCoisa rara no Brasil, Thiago Varzé já vem vivendo de música há mais de 15 anos, mas só agora ele realizou um dos seus maiores sonhos: gravar uma música com Pedro Mariano. Quando contou ao produtor do seu álbum em produção, Marcelo Mariano, que seria legal ter o ídolo compartilhando o microfone com ele em “A Voz do Brasil”, Thiago não imaginava que o convite que acabou sendo feito pelo irmão de Pedro teria uma resposta positiva. Em “Tempo de Ser”, segundo álbum de Varzé que acaba de sair pelo selo Lado A Music, a sexta música é “a cereja do bolo”.

“Marcelo organizou a produção, chamou os músicos… Pra mim, foi uma honra tocar com esses nomes. A cereja do bolo foi a participação do Pedro cantando essa música que fiz quando tinha uns 14 anos. Sempre fui muito fã do trabalho dele. Mariano achou que ia ser legal ter ele, porque a música parece uma conversa entre duas pessoas. Mandamos e-mail e ele topou na hora. Na semana seguinte, estávamos gravando e eu realizando sonho”, conta Thiago: “Pra mim era um mundo distante! ‘O Pedro Mariano deve ter mil coisas pra fazer’, pensei. Eu sou um artista em processo de formação de público, de mídia… Pensei que fosse impossível o Pedro arriscar colocar o nome dele num disco que pudesse ter uma recepção negativa. Serviu pra humanizar o lance do artista.”

A banda que acompanhou Thiago em estúdio foi formada por Marcelo Mariano no baixo, Thiago ‘Big’ Rabello na bateria, James Mü na percussão, Marcelo Freitas no saxofone, Silvera como backing vocal, Paulo Calasans nos teclados, Conrado Godoy nas cordas e Will Trombone. Além de compor a maioria das canções, Varzé gravou violão. As músicas foram gravadas com todo mundo tocando junto. “Tempo de Ser” é a voz do autor sobre novas questões.

“Gravando junto, conseguimos um som de gente trocando. Entra aí a explicação para o título do disco, ‘Tempo de Ser’, que pra mim significa a coisa da troca de somar mais do que dividir. Nas gravações, cada um influenciou no arranjo do outro numa boa. Tirei esse nome da música ‘Tribo’, do Zé Modesto, que gravei no disco. É no sentido da união entre as pessoas. Ser mais do que ter mais. Ser mais junto, ser mais amigo, ser mais tolerante, ser mais parceiro, ser mais politicamente engajado… O disco surgiu depois depois de um tempo refletindo sobre essas questões. O disco nasceu da necessidade de eu comunicar de novo o que era o Thiago Varzé naquele período”, diz.

Thiago Varzé no CD Tempo de SerSegundo Varzé, nesse “período” ele saiu totalmente da sua “zona de conforto” e deixou influências como Djavan de lado: “Minha zona de conforto sempre foi falar mais de amor e romance num jeito mais Djavan de fazer música. Bebi demais nessa fonte. Procurei mudar o tom da composição. Neste disco, falo além do amor. Escolhi a música ‘Tribo’ não por acaso. Ela fala sobre a necessidade de sermos melhores. Compus sobre outros temas também. ‘Voz do Brasil’ é uma reflexão sobre sociedade. Em ‘Pimenteiro’, faço narrativa religiosa com elementos de música africana, ijexá, com símbolos e signos de macumba. Quem ouve acha que tô incentivando aquilo, mas resolvo a letra dizendo que nenhum tipo de rito ou ritual vai adiantar se a questão central não for a busca e a aproximação com Deus. Nesse disco tentei fazer um passeio pela MPB com tudo o que ela oferece: samba, pop, mpb, funk, ijexá etc.”

Thiago Varzé tem 30 anos e sua história com a música começou aos 13, quando ele iniciou sua carreira de cantor de bares no litoral de São Paulo, onde morava antes da mudança para a capital (sua cidade natal se chama Itanhaém). Com 16, não precisou mais pedir grana aos pais. Quando gravou o álbum “Outros Ares” com produção de Max Viana, dois anos atrás, largou os covers para se dedicar à produção  e ao seu repertório. “No bar, você vira um jukebox ao vivo”, brinca. Além de seu trabalho, Varzé dirige a gravadora Lado A Music, que ele mesmo fundou, e produz outros artistas. Antes de abrir o negócio, estudou produção com Mayrton Bahia, responsável pelos melhores LPs de Legião Urbana e também de discos de Guilherme Arantes, Elis Regina e outros. Na gravação de seu disco, preferiu não se meter a fazer o que sabe:

“Eu fui uma espécie de coprodutor, mas procurei me distanciar porque sabia que o Marcelo conseguiria botar o ponto final que seria o final mesmo. Com minhas coisas, tenho dificuldade de saber quando aquilo toma a forma necessária. Um dia posso romper essa barreira. Um dia quero chegar a ser meu próprio produtor e ter meu DNA cravado no disco do início ao fim.”

 

 

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