The Cure deixou show para ser lembrado pelos próximos 17 anos

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos

The CureEsse susto eu achei que não ia tomar, mas fiquei pasma quando soube que os ingressos para a pista do show do The Cure na HSBC Arena esgotaram. Não foi tão rápido quanto os do Rock in Rio, vendidos em 4 horas e 4 minutos. Mas, sim, a banda britânica famosa por hits como “In Between Days” ainda é muito pop. Ou melhor, é rock. E esses fãs, que acabaram com a possibilidade de os atrasildos decidirem se iam de pista ou não em cima da hora, ajudaram também a engrossar o coro nas músicas citadas e em muitas outras das 40 que Robert Smith e companhia soltaram nas 3h20 em cima do palco.

Para quem estava ávido para rever o The Cure 17 anos depois do último show no Brasil, foi uma oportunidade e tanto. Para quem estava mais interessado nos velhos hits, foi cansativo, afinal, os principais vieram depois da segunda volta ao palco. “Boys Don’t Cry”e “Why Can’t I Be You” foram alguns deles. E isso não é opinião de jornalista. Da área reservada para a imprensa à pista comum, para onde me desloquei no meio do show, vi gente jogada pelo chão. E não eram só os fãs quarentões (mais cansados, obviamente). A garotada também estava  com cara de “virei a noite”. E nem tinha dado 1h ainda (o show começou por volta das 22h). “Killing an Arab as Another” foi a última música do show. “Obrigado. Vejo vocês daqui a 17 anos”, agradeceu Smith. Se a ideia era deixar um legado para ser digerido, talvez não precisemos de 17 anos. O show foi longo, mas muito palatável.

Quinta-feira (04/04), no Rio de Janeiro. Ou melhor, na Barra da Tijuca. Para quem não mora nas redondezas, foi difícil chegar com o tanto trânsito, obras pelo caminho, filas para estacionar etc. Lá, clima confortável e banda de abertura aliviavam o estresse. Nem vou comentar o primeiro show, visto que fui uma das vítimas dos obstáculos do caminho e perdi essa parte. Mas o clima seguiu bom até a entrada (e a saída) do The Cure no palco: gente de todas as idades se entendiam entre si numa plateia de convites esgotados, porém tranquila.

The Cure com o telão por trásA voz de Robert é a mesma e o som da banda parecia o de um disco de tão limpo e bem ensaiado. Não houve pirotecnia, mas filmes deram o colorido ao cenário ao serem transmitidos em um telão de alta definição enorme por trás da banda. Havia momentos em que uma parte do palco aparecia replicada diversas vezes no mesmo quadro. Durante “Friday I’m in Love” (1992), coraçõezinhos fofos circulavam pela tela de forma divertida. Momento tocante para muitos presentes foi quando, em “One Hundred Years” (1982), o cineminha mostrou várias imagens de guerra, terminando com a explosão de uma bomba atômica.

“Open” abriu o show. Do mesmo álbum, “Wish”, de 1992, o Cure tocou também “High”. A partir da terceira do setlist, começou um vai e vem de épocas com canções como “The End Of The World”(2004), “Love Song”(1989) e “Push”( 1985). Visualmente, cada integrante parecia estar num palco, ou melhor, numa época: com um cabelo loiro de luzes, o baterista Jason Cooper poderia ser integrante do Bon Jovi; o tecladista Roger O’Donnell parece que parou nos tempos do rock progressivo; o topete e a costeleta deram um tom rockabilly ao estilo do baixista Simon Gallup; de cabelos curtíssimos e brancos, o guitarrista Reeves Gabrels está a cara de Pete Towshend e/ou Eric Clapton. Só Robert Smith (voz e guitarra) mantém o mesmo cabelo despenteado e maquiagem típica dos shows que fazia nos anos 80. Está certo que ele está meio fora de forma e que o batom ficou todo borrado já no início do show. Mas era fechar os olhos e se sentir ouvindo o mesmo The Cure de sempre, aquela banda formada em 1976 em Crawley, Inglaterra.

 

2 thoughts on “The Cure deixou show para ser lembrado pelos próximos 17 anos

  1. Realmente fiquei impressionado na simplicidade de efeitos visuais oferecidos no show, em contraposição a impecável qualidade sonora. Alguns efeitos lembravam improvisações (inovações pra época) de efeitos executados nos palcos nos anos 80. Nem por isso eles deixaram de ser espetaculares. Numa simples troca de luz nas laterais do palco, a banda passou a ser percebida como um conjunto de robos em cena.

    Parabéns pelo texto Chris, suas observações estilísticas foram muito legais 🙂

  2. Putz, 17 anos é demais!! Mas que seja mais perto ,aqui no Rio, e não na Barra! De qq forma iria, se não deixasse para a ultima hora. Quando superei meu boicote ao lugar, os ingressos já eram. Pena, o The Cure marcou minha vida. Sorte que os vi há 17 anos, no gargarejo da Apoteose… Ótimo artigo, bjs!

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