Novo de Victor Biglione é ‘um marco na história da tradição da guitarra jazzística’

Victor Biglione - The Gentle Rain“O CD The Gentle Rain é um marco na história da tradição da guitarra jazzística brasileira.”

Com apenas uma página, o encarte do disco do Victor Biglione Trio que chegou há pouco em minhas mãos traz um texto de Mark Holston que começa com essa frase. O colunista das revistas Jazziz, Latino e Latin Beat segue derramando elogios ao guitarrista, que, na verdade, nasceu na Argentina. Tudo bem. Este é ano do aniversário de 55 dele e já faz quase cinco décadas que ele mora aqui e bebe também dessa fonte que deságua, entre outros, Tom Jobim. Mas, voltando ao texto, é importante ressaltar que ele destaca o novo trabalho de Victor, Sergio Barrozo (baixo acústico) e André Tandeta (bateria) como o melhor dentre as “três dúzias de álbuns (produzidos pelo guitarrista) desde 1982”. Não conheço todas essas gravações de Biglione, mas arrisco dizer que Mark pode ter razão.

Este é o 30º álbum do guitar hero do mundo real. Apesar de contar com canções colhidas de gravações que fez ao vivo em palcos cariocas, o repertório deve ter sido escolhido a dedo. A faixa de abertura é nada menos que “Por Causa de Você”, de Tom Jobim e Dolores Duran. E aparecem outros medalhões na sequência. Durval Ferreira e Mauricio Einhorn em “Batida Diferente”, Luiz Bonfá e Matt Dubbey na faixa-título, Paul Desmond em “Take Five”, Charlie Parker em “Au Privave” e… bem, aí vem Tom Jobim com dois clássicos, “Eu Sei que Vou te Amar” (com Vinícius de Moraes) e “Wave”. A oitava e última música do repertório é “Bag’s Groove”, de Milt Jackson. A qualidade do som é indiscutível e, na, guitarra de Victor não há o que tirar nem pôr. Mesmo se Barrozo e Tandeta não fossem exímios instrumentistas, a audição já teria valido a pena. Mas o fato é que o trio se completa e faz direito. É, o cara que escreveu o belo texto de apresentação do disco tem razão, sim.

 

One thought on “Novo de Victor Biglione é ‘um marco na história da tradição da guitarra jazzística’

  1. “Me responda cantador!”
    Pro Victor Biglione

    Me responda cantador!
    quem não queria ser Merlin
    ou um mago mandarim?
    ser Oscar ou Gauguin?
    pintar feito Dali ou Picasso
    ou como Cartola…
    desafiar as cordas de aço?

    Quem não queria ser poeta
    como Vinicius ou Pinheiro?
    ser Pessoa ou Maiakovski?
    ser o som
    e ao mesmo tempo ser o cheiro?

    Me responda cantador!
    quem não queria ter a voz
    do Milton ou Al Jarreau,
    ser uma harmonia do Jobim
    radiante feito um querubim?

    Compor feito Ataualpa Yupanqui
    ou pertencer a um conto de Borges
    e entre tigres e espelhos
    ser de Guimarães o alforje?

    Quem não gostaria de ter
    a voz negra de Janis ou Cássia?
    ser Hendrix em sua audácia
    e tê-lo sempre ao fone?
    Quem não queria tocar guitarra
    feito o Victor Biglione?
    me responda cantador!

    (Publicado no livro “O Guitarrista Victor Biglione & a MPB”, de Euclides Amaral, Edições Baleia Azul, 2009/ 2ª ed. Esteio Editora, 2011)

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