Toda vez que levava alguém para conhecer uma roda de samba do Rio de Janeiro, Luiz Lima se surpreendia com a reação da pessoa. “Tem algo forte aqui”, pensava. Passada a surpresa, já de olho na mesa rodeada de músicos – cada um com seu instrumento, mas todos entoando os mesmos clássicos – o fotógrafo percebia nuances que acabaram convencendo-o a a não participar mais de um evento como esse sem o companhia de sua câmera. Faz dois anos que ele começou a clicar o pagode por onde passava e, agora, está lançando o livro “Rodas”, com 77 imagens desses encontros musicais cariocas.
“Pesquisei se tinha algum livro ou imagens relacionadas às rodas de samba e não encontrei nada a não ser citações, poucas fotografias, monografias e outros livros escritos sobre samba. Mas não um trabalho documental fotográfico. Por não tocar ou saber sambar, pensei que seria um dos livros de fotografia que gostaria de fazer. Tenho amigos que tocam, amigos que vão sempre e uma parte da minha família, como mãe, primos e tias, muito ligada às escolas de samba”, conta Luiz Lima.
A chegada dos músicos para preparar a mesa para roda e o amor com que algumas pessoas se entregam ao cantar e acompanhar a batucada chamaram a atenção de Luiz entre um clique e outro, assim como outros detalhes: “Engraçado ver as meninas que ficam atrás dos músicos por algum interesse a mais (risos), a quantidade grande de cerveja que é consumida e, em algumas rodas, a ligação com a feijoada ou o caldo verde. As rodas de samba são bem misturadas, com pessoas de classe sociais diferentes.”
Ao todo, Luiz fotografou 15 rodas de samba na Zona Norte, no Centro e na Zona Sul do Rio. Entre elas estão a Pedra do Sal, o Cacique de Ramos, o Samba do Trabalhador, o Samba da Ouvidor, o Samba no Beco do Rato, o Samba no Largo das Letras, o do Largo de São Francisco de Prainha, a Roda de Samba no Trapiche Gamboa, o Samba no Morro do Dona Marta, o Pôr do Santa, o Fala Meu Louro, o Samba da Chaleira e o Samba no Centro Cultural Wilson Moreira.
“Claro que, na pesquisa, eu separei as que eu achava que deveriam entrar e fui conhecendo outras, com as pessoas me falando sobre essas novas. Eu conhecia a maioria, pois fui antes apenas observar e ver se tinha validade fazer o trabalho. A roda de samba é parte da relação histórica que envolve a África, a Bahia e o Rio de Janeiro e, hoje, é um fenômeno muito carioca. Ela no Rio é turismo, é relaxamento pós-trabalho… algumas são nos dias de semana, depois das 17h… é base da diversão e do lazer! Assim como se vai em Pernambuco ouvir Maracatu, em Nova Orleans ouvir jazz, na Argentina ouvir tango, no Rio de Janeiro as pessoas vão para as rodas de samba”, diz Luiz.
O processo começou no início de 2012 e, para dar conta da pesquisa, do tratamento das imagens, da produção da capa e da escolha do melhor formato para a edição e lançamento, levou quase um ano. O livro está sendo vendido por demanda pela editora Blurb (http://br.blurb.com/b/3956477-rodas): “Analisei os novos formatos tecnológicos e achei interessante experimentar. É só entrar no site e pedir que o livro chega em casa. Em breve, vai ter o E-book dele com música junto! E também pretendo colocar para venda em algumas livrarias e cebos pequenos.”
Habitante do mundo (hoje, morando entre o Brasil e a Áustria) e frequentador de rodas e de outros movimentos, Luiz Lima já pensa nos próximos livros que quer fazer: “Meu projeto é uma tetralogia com fotografias de estilos musicais de países distintos.”
Excelente, que bom saber que existe profissionais como o Lima que além de fazer um livro com a sua arte de fotografar escolheu um conteúdo bem Brasileiro e foi e foi até raiz onde surgiu os bambas do Samba e levantou Gerações.
Parabéns Lima pelo Livro com conteúdo Belíssimo e digno de futuramente um grande documentário baseado no mesmo.
Luthy Fernandes
Diretor Cinematográfico/Jornalista