“Hoje, infelizmente com a casa relativamente vazia… uma pena… mas o público de gala vai ter a alegria e o prazer de assistir a uma banda que veio de Belo Horizonte para se apresentar pela primeira vez em São Paulo. É um som de ponta e quem vai ver esse show aqui… com certeza é um momento histórico. Com vocês, direto de Belo Horizonte, a banda Skank!”
Em 1991, a Guerra do Golfo chegou ao fim. O Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai assinaram o Tratado de Assunção, que estabelece o Mercosul. E países como Croácia e Azerbaijão conquistaram sua independência. Neste mesmo ano, a música perdeu o grande Freddie Mercury, vocalista do Queen, e ganhou uma banda que chegou tímida à cena e logo se estabeleceu como uma das principais revelações da década de 90, entrando para a história como ícone do pop-rock-reggae brasileiro. Vindo da capital de Minas Gerais, o Skank fez sua primeira apresentação paulistana para menos de 50 pessoas no projeto Disco Reggae Night do Aeroanta. O registro de parte desse show está no disco “Skank 91” junto a gravações feitas no estúdio que funcionava na casa dos pais do baterista, Haroldo Ferretti. Uma das faixas, a 11ª, traz a fala (acima) do mestre de cerimônia da casa de shows.
Pouquíssimo tempo antes de subir ao palco do Aeroanta, a banda existia com o nome de Pouso Alto e com Samuel Rosa (voz e guitarra), Henrique Portugal (teclado) e outros dois integrantes. Com Haroldo e Lelo Zaneti (baixo), o Skank seguiu juntando rock com reggae. Uma das primeiras misturas bem-sucedidas, “In(Dig)Nação – do álbum de estreia, de 1993 – está em “Skank 91” com metais e vocais. “Homem Que Sabia Demais” e “Macaco Prego” mostram o embrião da banda, que mais tarde faria outros hits no mesmo estilo: “Jackie Tequila” foi um deles. “Salto no Asfalto” e “Eu Me Perdi” parecem composições como as que Samuel Rosa, que prefere música do que letra, faz hoje em dia com seus parceiros. Surpresa é descobrir que ambas têm letra e música do vocalista. Vale destacar que Chico Amaral, parceiro constante de Samuel, está em cinco composições e participando como saxofonista em algumas faixas do álbum.
“Skank 91” traz ainda releituras de “Raça” (Milton Nascimento e Fernando Brant), “Cadê o Penalty?” (Jorge Ben) e “Shot in The Dark” (Henry Mancini). Este que deveria ter sido o primeiro disco da banda mineira – mas é o último até agora – deixa uma questão no ar: será que foi de gravações como a da canção “Telefone”, de Júlio Barroso, que saiu a inspiração para as bases do tecnobrega? A faixa que abre “Skank 91” traz elementos que se assemelham aos das músicas do movimento que estourou no início dos anos 2000 no Pará. “Let Me Try Again”, sucesso de Paul Anka, também ganhou barulhinhos que parecem ter saído das aparelhagens paraenses no Studio Ferretti. Além de divertir, o novo velho disco do Skank ativa sensações de nostalgia de uma época boa do rock brasileiro.
Ouça ‘Telefone’, com Skank:
Ouça um sucesso do Tecnobrega:
Muito bom ouvir o Skank de antes e perceber o quão promissores eram naquela época. Acabaram por se tornar uma das melhores bandas do Brasil!