Fui mais uma vez plateia dessa banda. Assisti ao quarto show ao ar livre do Letuce, que ocorreu domingo no fechamento de um evento paralelo à Rio +20. O cenário era a Lagoa Rodrigues de Freitas. Ali, no Parque do Cantagalo, esperava pelas performances da vocalista Letícia Novaes, um figurino incrível e criativo (já virou marca registrada), amor, humor, versões divertidas e belas canções. A banda nunca me decepciona. Estava tudo lá, naquele palquinho. E mesmo quando a vocalista resolve não investir tanto no visual, não importa, de fato a moça nem precisa. Figura longilínea, com corpo de brasileira (aquela coisa falsa magra), apostou na maquiagem que destacava o olhar, o que já era suficiente. Dentro de um belo par de jeans e com um cardigã clarinho, a atriz-cantora mostra que é na voz, nos quadris e no balançar dos seus cabelos que leva o público a cantar com ela e até a fazer às vezes de backing vocal.
No repertório, músicas dos álbuns “Plano de fuga pra cima dos outros e de mim” e “Manja Perene” e três versões de pagodes. Sim. A banda transforma o ritmo, e o público canta sem entender muito bem como sabe aquela letra todinha, até se dar conta do “passado que condena”. E aí, como uma “pegadinha” do grupo, a plateia se rende a alguns sorrisos e gargalhadas. O convite de Letícia e Lucas é permita-se. Eu falei de amor, né? Então, Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos são namorados, enamorados, respiram amor e exalam músicas com carinho. Ela, na voz, e ele, naguitarra/violão e eletrônicos. Outros dois queridos embarcam nessa viagem, Thomas Harres é o baterista zen e Fábio Lima dá aquela força no baixo e em outras coisitchas mais.
O show começou com “Medo de Baleia”, do CD atual: “Soluço também passa quando você não bebe água/ Soluço também passa quando você não toma susto”. Do mesmo álbum, teve também “Insoniazinha”, “Areia Fina” e “Loteria”: “Não vem dar pitaco/ Com papo mequetrefe/ Não mete seu bedelho/ Fica na maciota”. Rolou também “Ballet da Centopéia”, “Piscina Haikai”, “Série use Affaire” (versão em francês de “Caso sério”,de Rita Lee), “Tuna Fish” e outras canções do disco anterior. No meio das músicas do grupo, a gente se surpreendia com uma versão bacana de um pagodinho anos noventa. Pra relaxar, pra fazer sorrir e pra combinar com o clima descontraído do quiosque na Lagoa.As apresentações do Letuce são para pessoas imagéticas, bem humoradas e que sabemvalorizar letras e coisas belas da vida. Uma amiga, na primeira vez em que assistiu ao show da banda, se apaixonou por Letícia e não parou de sonhar com a vocalista durante um bom tempo. Letuce é isso, apaixonante, sedutor, serelepe e cheio de música pra grudar na cabeça.
P.S. – Este texto foi criado mentalmente às 6h. Quando o marido me perguntou porque me levantei tão cedo, respondi, porque tenho um texto sobre o show de ontem. Emseguida, ele disse: “Pô, tô com a música na cabeça: I don’t like August/ I don’t know why”.