O nome do show que o Titãs levou ao Circo Voador na última sexta-feira (04/05) não podia ser mais apropriado: Cabeça Dinossauro. A intenção era celebrar o álbum homônimo lançado em 1986, que foi fenômeno de vendas da época e alçou Titãs ao posto de uma das mais importantes bandas de rock do Brasil. Mas a homenagem acabou caindo também sobre os fãs da banda, que já fazem parte daquele seleto grupo chamado pelos jovens de “dinossauros”. A diferença é que os dinossauros de hoje não são como os de antigamente. Hoje, qualquer pessoa com mais de 30 anos já é considerada velha e seu gosto musical, defasado. Tanto que, na plateia, predominavam os titanomaníacos trintões e/ou quarentões. Seus filhos (dos que os têm) deviam estar em casa curtindo uns clipes do Restart.
A turma estava animada para pular como faziam nos tempos em que os Titãs eram Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto e André Jung, este último posteriormente substituído por Charles Gavin. Formada hoje em dia por Branco (baixo), Paulo (guitarra), Tony (guitarra) e Sérgio (teclado), a banda mostrou que ainda tem energia para pauleiras como “Polícia” e “Bichos Escrotos”. A plateia, vinda de uma semana de trabalho, suou para acompanhar o ritmo. Eu fui pega bocejando algumas vezes. Um parceiro de trabalho disse que um chope o derrubou. Uma mulher se irritou com o companheiro quando este iniciou uma série de pulos usando seu ombro como apoio durante a execução pela banda de “Porrada”. Esta cena foi engraçada de ver, até porque este rapaz de pescoço cheio de dobrinhas (como o do boneco da Michelin) não era o único a querer se jogar no colega ao lado. Mas parecia que a turma estava acanhada de deixar a companhia das mulheres para partir para a porrada ali, mesmo que de brincadeirinha. Os tempos são outros, né?
No final, vários gordinhos pingavam “de emoção”. E, por falar nisso, o magrelo Miklos tá com uma barriguinha, hein?! O sempre gato Bellotto andou envelhecendo um pouco. Britto não mudou nada (pelo menos de longe) e Mello também engordou um “cadinho”. Acompanhados pelo baterista Mário Fabre, os remanescentes da banda ícone do Brock – o rock nacional dos anos 80 – tocou ainda outros clássicos de “Cabeça Dinossauro”, como “Família”, “Homem Primata” e “AA UU”. E também entraram no repertório hits de outros álbuns, como “Sonífera Ilha” (LP “Titãs”, de 1984), “Televisão” (LP “Televisão”, de 1985), “Será Que É Isso O Que Eu Necessito?” (CD “Titanomaquia”, de 1993) e “Aluga-se” (CD “As Dez Mais”, de 1999). Nós, dinossauros, saímos felizes.