Ballaké Sissoko, do Mali, e o francês Vincent Segal levam kora e violoncelo à MIMO 2011

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos

O show de abertura da Mostra Internacional de Música em Olinda – MIMO 2011, nesta quarta-feira (07/09), surpreendeu a todos que enfrentaram a fila para pegar senha e reservaram seu lugar na Igreja da Sé, em Olinda (PE). Também prendeu a atenção dos passantes que depararam-se com um telão exibindo o mesmo espetáculo para quem ficou do lado de fora. O maliano Ballaké Sissoko e o francês Vincent Segal mostraram músicas do álbum “Chamber Music”. Ballaké apresentou ao público o kora, um instrumento típico da República do Mali que é formado por uma cabaça, um braço de madeira, 21 cordas e argolas de couro exercendo a função de afinador. Vincent acompanhou o parceiro no violoncelo, mostrando uma forma diferente de tocá-lo.

“Meu cello é como se fosse a minha câmera. Gosto de ver alguém tocar para  imitar o som e o gestual. Se vejo uma zabumba, uma guitarra ou uma cuíca, faço isso. Tento fazer também como Ballaké. E é interessante porque ele faz a mesma coisa. Ele não toca a kora tradicional. Para mim, o bom músico é o que transforma o instrumento”, comentou Vincent, durante a coletiva de imprensa realizada em um hotel de Olinda nesta quinta-feira (08/09).

Ballaké aprendeu a tocar vendo os movimentos de seu pai, Djelimady Sissoko, um dos maiores nomes do kora em Mali. Mas engana-se quem pensa que foi natural genitor ensinar ao filho. Enquanto seu irmão estudava engenharia elétrica, Ballaké esperava o momento de solidão para pegar no instrumento.

“Na África, não é como na Europa, que crescemos com aula de música. Talvez no Brasil também seja assim: você tem que aprender por você mesmo. O pai de Ballaké não o obrigou nem mostrou como tocar. Ele começou aos 13 anos e acabou se tornando o músico oficial da família”, contou Vincent.

A mãe de Ballaké também sabia tocar kora, mas, no Mali, o instrumento é coisa de homem. No país onde a maioria da população é muçulmana, a função da mulher é, no máximo, cantar. Ballaké também é adepto do Islã, mas não segue todas as tradições.

“A tradição é algo muito forte, mas Ballaké às vezes desvia dela. Não é comum tocar kora com as unhas compridas, mas ele sempre está com elas grandes”, disse Vincent.

 

No show, o duo apresentou “Oscarine”, “Houdesti” e “Halinkata Djoubé”, entre outras. No bis, convidou para uma palhinha o percussionista Naná Vasconcellos, com quem Vincent já tocou no passado. No segundo retorno ao altar da igreja, a dupla homenageou Luiz Gonzaga interpretando “Asa Branca”.

“Eu vejo muita coisa da música africana no baião. Não gosto quando alguém diz que o Brasil tem só um estilo. Para mim, Luiz Gonzaga é como Vivaldi. Gosto muito também do Trio Nordestino, Novos Baianos, Geraldo Azevedo e Duo Assad”, declarou Vincent.

Ballaké Sissoko e Vincent Segal tocam juntos há quase dez anos. O disco “Chamber Music” está à venda na França, nos Estados Unidos, em Mali e em sites como o Amazon. O toque da dupla poderá ser sentido no próximo disco de Roberta Sá, com quem gravou dias antes do show na MIMO. E, para quem ainda quiser correr, o maliano e o francês tocam nesta sexta (09/09), na Igreja de São Francisco, em Jão Pessoa (PB).

Fotos: Divulgação / Beto Figueiroa

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