As dores e delícias de acampar durante o SWU, que arrastou mais de 160 mil pessoas para o interior paulista

Posted by Chris Fuscaldo Category: Trabalhos Tag:

Matéria publicada (no site e) na revista Megazine de 19/10/2010 (leia aqui)

Um festival de rock e coragem

Rafael e Letícia / Christina Fuscaldo

Rafael e Letícia / Christina Fuscaldo

ITU (SP) – Só mesmo muuuito amor pelo rock ‘n’ roll para fazer 5,3 mil pessoas saírem do conforto de casa e se esticarem no chão duro da Fazenda Maeda, em Itu (SP), durante os três dias do SWU Music and Arts Festival, semana passada. Gente de todo o país encarou horas de fila para tomar banho, sem falar na friaca que se abateu, principalmente à noite, sobre a cidade de 175 mil habitantes. Não acostumados com o perrengue, alguns sofreram. Outros definiram a experiência como um sonhado encontro com a paz.

— Nosso objetivo era sair da loucura. Eu queria ficar um pouco mais quieta — resumiu Letícia Marques Verta.

A estudante de análise de sistemas dividiu a barraca com o colega Rafael Pacheco Lemos. Os dois têm 19 anos e trocaram a areia da praia de Santos pela terra que subia do chão (e sujava muito as roupas). Rafael só não curtiu as regras do banho:

— São duas horas na fila e só sete minutos para o banho. Quando acaba, o chuveiro simplesmente desliga!

A fila pro banho / Christina Fuscaldo

A fila pro banho / Christina Fuscaldo

Com pontos de energia para carregar o celular, armários e diversas opções para as refeições, via-se um certo conforto  no espaço projetado para imitar o camping “espontâneo” formado nos arredores da fazenda onde rolou Woodstock, festival realizado em 1969 nos Estados Unidos. Quem está acostumado a acampar não se incomodou com nada. Foi o caso de Gustavo Tressia, de 23 anos. O estudante de engenharia saiu de Uberlândia (MG) satisfeito com os R$ 360 gastos nas vagas dele, da namorada e de uma amiga no Camping Comum (a barraca para um custava R$ 250, a de dois era R$ 310 e a de quatro, R$ 400).

O casal teve de dividir o (col)chão com a amiga Ana Claudia Coelho, de 23 anos. Mas ninguém reclamou, e todos acharam até confortáveis as “instalações”.

Ana Carolina, Gustavo e a amiga Ana Claudia / Christina Fuscaldo

Ana Carolina, Gustavo e a amiga Ana Claudia / Christina Fuscaldo

— Ah, é muita diversão! Encontramos gente de Uberlândia aqui! Para mim, está tudo ótimo, até o banho. O meu dura três minutos — brincou.

Enquanto a maior parte das 164,5 mil pessoas que se dividiram entre os três dias de festival buscavam os grandes nomes que iam tocar nos Palcos Ar e Água, como Rage Against The Machine, Kings Of Leon, Pixies e Incubus, Gustavo assumiu que saiu de Minas Gerais para assistir ao show de BNegão, que tocou no (pequeno) Palco Oi Novo Som.

— Ele é fã — entregou a namorada, Ana Carolina Guimarães, de 25 anos.

Os amigos Davi Torzoni, de 22 anos, e César Morigaki, de 23, ambos de Campinas (SP), também estavam em estado de graça.

— Compramos os convites e o lugar no camping há dois meses — disse César.

Bruno, Felipe e Fernando / Christina Fuscaldo

Bruno, Felipe e Fernando / Christina Fuscaldo

— E é bom não ter que se preocupar com a Lei Seca. Estamos praticamente dentro do show — completou Davi.

Felipe Garcia, de 18 anos, saiu de São Paulo para ver os grandes. No entanto, Dave Matthews Band e Sublime With Rome não o fizeram, >ita<errr, sublimar os problemas encontrados no SWU:

— O som do Rage parou no meio do show e nos enrolamos para chegar de carro, porque a sinalização é ruim.

Além dele, o primo Fernando Garcia, de 19 anos, e o amigo Bruno dos Santos, de 18, estreavam em campings.

— A gente não sabia armar a barraca, e o vizinho veio nos ajudar. Não trouxemos os grampos e tivemos que improvisar prendendo as cordas com madeira — contou Bruno.

O carioca Vinícius Coral / Christina Fuscaldo

O carioca Vinícius Coral / Christina Fuscaldo

As mil barracas do Camping Comum foram montadas entre árvores de lichia numa área de 50 mil metros quadrados. As 700 do Camping Premium — com grama no chão e estacionamento gratuito — ficaram próximas ao belo jardim japonês numa área de 51 mil metros quadrados.

O bancário Vinícius Coral, de 27 anos, dormiu no simples, mas, nos shows do Queens Of The Stone Age e Linkin Park, deu um jeito de passar para a Pista Premium:

— Quando comecei a ficar espremido, disse que estava passando mal e pulei para cá. Dormir no Camping Comum é legal, mas ver o show de perto é muito melhor! — tirou onda o carioca.

Saiba como foram os shows e, abaixo, os altos e baixos do festival:

Rage Against The Machine interrompe show por causa de tumulto e falha no som

Regina Spektor e Dave Matthews Band se destacam no tranquilo segundo dia

Queens Of The Stone Age e Linkin Park deixam marca roqueira no encerramento

ALTOS:

Pontualidade – Coisa rara nos festivais, quase todos os shows começaram no horário.

Fórum de sustentatibilidade – Mais de 3 mil pessoas participaram de 29 palestras.

Reciclagem – Foram enviadas para usinas 30 toneladas de lixo.

BAIXOS:

Segurança – O empurra-empurra no show do Rage Against The Machine mostrou que a produção não estava preparada para a derrubada das grades que separavam as pistas Comum e Premium.

Chegada e saída – Não era fácil achar o veículo entre os mais de três mil ônibus e vans e 42 mil carros.

Mapas dos palcos – posicionamento dos palcos principais fez com que as pessoas não circulassem pela fazenda, acumulando-se. Fãs de uns artistas atrapalharam os shows de outros.

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5 thoughts on “As dores e delícias de acampar durante o SWU, que arrastou mais de 160 mil pessoas para o interior paulista

  1. Excelente matéria, Fuscaldo. muito legal. todos os detalhes bem descritos e apurados. agora, sem contar os bons shows, maior perrengue hein…. kakakak …… valeu. beijo.

  2. Meeeeeeeeega INVEJA³³³!
    hehehehe

    Mas duas amigas minhas que foram disseram que, se fosse hoje, pensariam duas vezes antes de comprar o ingresso.

  3. Sim, é a mesma! Foi escrita para a galera da Megazine. As mais críticas estão no online do Globo e aqui embaixo. Beijos!

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