Guitarras em alto mar: Cruzeiro liderado por Kid Rock teve quatro dias de shows e festas

Posted by Chris Fuscaldo Category: Trabalhos

Esta é versão completa da matéria publicada no Megazine (O Globo) em 06/07/2010
(Clique para conferir como saiu no site do caderno)

(Clique para abrir o PDF com a matéria)

kid_rock

Tampa, EUA

Quando desembarquei no aeroporto de Miami e disse ao oficial da Imigração que o motivo da minha viagem era o cruzeiro de Kid Rock, o porto-riquenho (até então) mal-encarado soltou uma gargalhada em alto e bom som. Para não ter nenhum tipo de problema para entrar nos Estados Unidos, resolvi entrar no jogo: “Não conte a ninguém!” Ganhei o homem de farda ali mesmo. Mas, como é praxe fazer aquele questionário, fomos às perguntas. Contei que fui convidada, com tudo pago, por uma amiga americana que é grande fã do músico e que, por ser repórter especializada em música, considerei aquilo a chance de viver uma nova experiência. “Divirta-se”, disse ele. Liberada! Ufa! Próximo passo: encontrar Helen em Tampa, de onde o navio Carnival Inspiration sairia, ecoando rock’n’roll mar adentro, rumo às Bahamas.

Kid Rock’s Chillin’ the Most Cruise (relaxando ao máximo) é o nome do projeto, que estreou este ano e, devido ao sucesso, já tem edição anunciada para 2011.  No Brasil, o que se sabe sobre Kid Rock é que ele foi marido de Pamela Anderson, a estrela decadente de “S.O.S. Malibu”, e que é autor de “All Summer Long”. O hit faz menção ao clássico “Sweet Home Alabama”, do Lynyrd Skynyrd, e chegou a tocar em algumas baladas brasileiras. Nos Estados Unidos, o músico de Detroit (Michigan) é rei para um certo nicho. Estreou em disco em 199o, estourou com uma música chamada “Bawitdaba” no final da década e, até hoje, já vendeu mais de 20 milhões de seus dez álbuns. Bob – como as fãs costumam chamar Robert James Ritchie, na tentativa de se aproximar do ídolo – estava na porta para tirar foto com cada um que embarcasse naquela aventura.

Animação a bordo

Animação a bordo

Uma das tatuadas

Uma das tatuadas

O Carnival Inspiration é igual a todos os outros transatlânticos mais conhecidos: grande, decorado ao estilo Las Vegas (muitas cores, muito luxo, mas quase tudo meio plástico) e munido de uma tripulação formada por estrangeiros de todos os cantos do mundo. Dentre os passageiros, eu era a única brasileira. Juntei-me a pessoas de todas as idades e tatuadas: esbarrei com uma moça que tinha uma chave da Volkswagen e brincamos que ela poderia abrir a porta do Fusca que tenho nas costas. Três coisas aquelas 2.200 pessoas tinham em comum: o gosto por bebidas alcoólicas, a paixão pelo rock e o hábito de dizer pelo menos quinze vezes ao dia a frase (que virou grito de guerra) “You’re on a boat, motherfucker!” (Você está em um navio, filho da…).

“Quando saímos de Tampa, Bob subiu ao palco para fazer um show de boas-vindas e soltou esta frase. Ele falou: ‘Como é que não pensei nisso antes? Podíamos ter feito camisetas com o slogan!’ Kid Rock foi um anfitrião maravilhoso… Aliás, foi incrível estar em uma festa em que o rock’n’roll não podia parar”, diz Helen Gemignani, aeromoça e fã de Kid Rock.

Confesso que entrei no transatlântico sem saber que, além de um show de Kid Rock, teria a oportunidade de conhecer outras 15 atrações, que se dividiram entre três espaços reservados para elas: o Lido, um palco a céu aberto montado em frente à piscina; o Candlelight Lounge, um teatro médio; e o Café dês Artistes, espaço pequeno no meio de uma discoteca. Preocupada em deixar tudo arrumadinho no Brasil para essas pequenas férias de quatro dias em pleno maio, não parei para estudar o programa enviado por e-mail.

Slash cover

Slash cover

Leroy Powell

Leroy Powell

Aberta ao que viria, a cada turno, tinha uma surpresa diferente: ora era a banda cover de Guns N’Roses, Appetite For Destruction, que agitava a galera, ora era a revelação do rock (do Sul) Leroy Powell and The Messengers que afagava os corações um pouco menos roqueiros. Sim, porque também passaram por lá a banda The Mighty Dan Halen, que com seus integrantes fantasiados toca sucessos de Van Halen, e a Rehab, de heavy metal.

“Fizemos três shows, dois no Lido e um no Candlelight. O que mais gostei foi o da primeira noite, em que a atmosfera mostrava que todos aqueles fãs selvagens de Kid Rock estavam prontos para curtir. Foi maravilhoso e deu ânimo para todos os outros dias”, conta Mike Edington, o Slash de banda Appetite For Destruction. “Fora do palco, o que achei mais legal foi a atitude Vegas. Dizem que o que acontece em Vegas fica em Vegas. O que aconteceu no cruzeiro… ficou no cruzeiro.”

Vale lembrar que namoros entre passageiros e/ou entre músicos e passageiros estavam liberados.

Lazer x trabalho

Eu e e Helen com Kid Rock

Eu e e Helen com Kid Rock

Minha nacionalidade chamou a atenção até mesmo de Bob, quando – em um momento não consigo viver isso e não pensar em trabalho – abordei o músico ao encontrá-lo na boate do navio, na madrugada após o primeiro show oficial, o que eu vi (cada grupo de passageiros vai em um deles).

“Por que você não me falou isso quando tiramos foto juntos na chegada? Anunciei no palco que tinha norueguês no navio, mas não sabia que vinha gente da América do Sul!”, exclamou Bob, antes de falar para a minha câmera ao melhor estilo Chillin’ The Most Cruise: “You’re on a boat, motherfucker!”

Veja Kid Rock em vídeo (qualidade baixa)

Mas eu tinha também um outro diferencial: o de já ter passado três vezes por um navio temático, o “Emoções em Alto Mar”, que tem como astro Roberto Carlos. Todos os americanos com quem conversava queriam saber qual era a diferença entre ser repórter e ser passageiro comum de um projeto como este. Ponto para Kid Rock! Além da fotinho na entrada – brinde de luxo para quem gosta mesmo do cara – fez, além dos dois espetáculos já programados no Paris Main Lounge, dois shows extras no deck do navio (Lido), um na primeira tarde e o outro em uma das madrugadas (detalhe é que ele convocou a presença de todos pelo rádio). Fora isso, deu entrevista para os fãs na tarde de domingo e saiu à paisana: era possível esbarrar com Bob por outros ambientes, sempre tarde da noite, quando saía da toca para se divertir com os amigos músicos.

“Fiz algumas jam sessions com Bob anos atrás, uma delas em Michigan, com a Shooter Jennings, banda com a qual eu tocava. Foi bom apresentar esse nosso show para aquelas pessoas, porque tocamos nossas músicas e fomos bem recebidos. Haviam poucas bandas que levaram ao cruzeiro repertório original”, declara Leroy Powell.

'Kid e Pamela'

'Kid e Pamela'

Os piratas

Os piratas

Outra experiência inesquecível foi participar das festas à fantasia previamente avisadas aos navegantes. A “Pimps & Hos Night” era uma homenagem ao “Pimp of the Nation” (O cafetão da Nação), como se auto-intitulou Bob no título de uma de suas canções. Os homens deveriam se fantasiar de cafetão e as mulheres… Bom, basta dizer que o casal que mais se destacou era aquele em que ele estava vestido de Kid Rock e ela, de Pamela Anderson. Teve também a “Mustaches & Miniskirts Formal Night”: homens de bigode e mulheres de minissaia. A mais meiga foi a “Pirate Night”. Nesta, a ordem era se fantasiar de pirata.

Comprei minha fantasia pela internet e mandei entregar na casa de Helen. Quando a recebi é que me dei conta de como era linda! Senti-me a verdadeira princesa dos mares, queimada pelo sol das Bahamas, onde o navio aportou por uma tarde para que seus passageiros dessem um maravilhoso mergulho nas águas do Caribe. Com meu vestidinho, chapéu e botas, atraía a atenção principalmente de quem não estava fantasiado. Nesta última noite, o destaque era o show da Yacht Rock Revue, banda que toca cover de Led Zeppelin e The Who. E os músicos das bandas que já tinham encerrado sua participação estavam curtindo a despedida, circulando pelo espaço e socializando com todo mundo. Quando me dei conta, eu e minha amiga estávamos rodeadas por alguns deles.

'Esgotado!'

'Esgotado!'

Por algumas horas, Helen quis se matar, afinal, se tivéssemos conhecido essa galera antes, teríamos a chance de participar das festas “particulares” que faziam com Kid Rock. Eu fiquei satisfeita, já que ganhei em dobro ao conhecer Raquel Wynn, baixista da The Mighty Dan Halen e filha de Carol Chase, que por quinze anos foi backing vocal do Lynyrd Skynyrd, banda que fez parte da minha infância e adolescência. Fora isso, todo o rock e os Bloody Marys que vivi lá dentro foram suficientes.

“O cruzeiro foi ótimo por causa das pessoas que estavam lá. Todo mundo tão dentro da música e amando a experiência… Uma grande festa do amor”, define Raquel Wynn.

Já estava cansada de só ver mar, mas confesso que foi triste pisar em terra novamente depois de uma experiência tão intensa. A boa notícia é a de que, se rolar aquela animação e o planejamento financeiro, dá para repetir a dose no ano que vem. Ou, melhor ainda, testar o Simple Man Cruise, que terá nova edição em janeiro de 2011 com o Lynyrd Skynyrd como cicerone. Ops, tem ainda o cruzeiro com o Sister Hazel, o do Devils and Dolls… Veja a tabela abaixo. Só não dá para deixar para cima da hora, pois quem foi este ano já disse que vai voltar. Quem quer entrar na fila?

kid_rock_tabela

*Acompanhe o blog e leia, a partir de segunda-feira (12/07), entrevistas que fiz com alguns dos músicos.

Quer ficar sempre informado do que está rolando no blog? Siga o GarotaFM no Twitter: http://twitter.com/GarotaFM

9 thoughts on “Guitarras em alto mar: Cruzeiro liderado por Kid Rock teve quatro dias de shows e festas

  1. Meu Deus!!!!Chorei de rir com as fotos!!!!Eu devia estar nesse navio tb, motherfucker!!!!!!!
    Tb vou ano que vem!
    Adorei a matéria, amiga!Parabéns!Tá demais!
    Sucesso sempre!
    Já tem post falando de vc lá no blog!!!!!

    beijoles

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Required fields are marked *.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>