Uma campanha pela reedição de ‘Gauleses Irredutíveis’, o livro sobre o rock gaúcho

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

gauleses Lançado em 2001 pela editora Sagra-Luzzato, de Porto Alegre, o livro “Gauleses Irredutíveis”, de Alisson Avila, Cristiano Bastos e Eduardo Müller, rapidamente se esgotou. Duas mil cópias com a história do rock gaúcho foram parar nas mãos de apaixonados pela história da música, ou pelo menos por esta parte dela. Infelizmente, não cheguei a esbarrar com nenhum exemplar. Mas dou início agora a uma campanha pela reedição deste trabalho, que encantou e ensinou muita gente coisas sobre o Rio Grande Sul e seus expoentes. Você sabia, por exemplo, que aquele jurado mal-humorado do Ídolos (programa do SBT) integrou bandas chamadas Taranatiriça, Urubu Rei, A Vingança de Montezuma, Três Almas Perdidas e Atahualpa y us Pânques? Mais abaixo do post, confira trechos de histórias de músicos (retirados do blog Desorientação) e, por último, vídeos da época. Aqui embaixo, uma pequena entrevista com um dos autores, Cristiano Bastos. Ele conta para o GarotaFM em primeira mão que está trabalhando no projeto de transformação de “Gauleses Irredutíveis” em um e-book.

Cachorro Grande

Cachorro Grande

GarotaFM: Como surgiu a ideia de escrever esse livro (foi sua ou de todos os autores)?
 
Cristiano Bastos: A ideia nasceu depois que os autores – eu, Alisson Avila e Eduardo Müller – emocionaram-se profundamente com a leitura de “Please Kill Me” (ou, no Brasil, “Mate-me, por favor”, da LP&M), que retrata a história do punk norte-americano desde os anos 60 aos anos 00. Nos tocamos que a história da música jovem gaúcha nunca havia sido contada nesses moldes e dava muito pano pra manga. É só conferir no livro.

GFM: Fale sobre o processo de produção (quanto tempo durou e quão cansativo foi)?

C.B.: O livro foi feito em seis meses, entre escolher as fontes e achá-las (são mais de 167), entrevistá-las, a edição e a editoração. Recorde absoluto. Vinte e quatro horas de trabalho por dia. Foi uma grande loucura.

Bidê ou Balde

Bidê ou Balde

Cascavelletes

Cascavelletes

GFM: Quando o livro foi lançado e quantas cópias foram editadas?

C.B.: Foram editadas 2 mil cópias que se esgotaram rapidamente.
 
GFM: O que você diria a um editor para convencê-lo de que é importante a reedição de ‘Gauleses irredutíveis’?
 
C.B.: Eu diria que é um livro muito divertido de se ler. Rock ao pé da letra. O mais legal é que os entevistados, de modo geral, não furtaram-se em contar seus “causos” mais picantes. Há muito sexo, drogas e, especialmente, muito rock’n’roll. As estórias do legendário Plato Divorak, nosso Rocky Ericson brasileiro, brilham no livro.
 
GFM: Como anda a ideia de transformar o livro em um e-book? Uma reedição cancelaria o projeto?
 
C.B.: As editoras, de maneira geral, estão vivendo uma descapitalização. Estamos, agora, estudando o relançamento de ‘Gauleses Irredutíveis’ no formato e-book. Nada mais moderno não é? Mas não dispensamos o suporte em papel, para o qual ele foi concedido. Se alguma editora se interessar em lançá-lo, estamos abertos para negociar.

Aristoteles de Ananias Jr.

Aristoteles de Ananias Jr.

CARLOS EDUARDO MIRANDA

Ele ganhou atenção de todo o país como o “jurado mau humorado” do programa Ídolos, no SBT. Mas muito antes de se tornar uma espécie de Simon Cowell brasileiro, Miranda já era figura carimbada do rock gaúcho.

Antes de imaginar se tornar produtor e executivo da gravadora Trama, o “não-músico” dirigiu os selos Banguela e Excelente, atuou como jornalista e integrou as bandas Taranatiriça, Urubu Rei, A Vingança de Montezuma, Três Almas Perdidas e Atahualpa y us Pânques.

E no palco ele era ainda mais agressivo que na frente das câmeras. Entre suas peripécias, ele conta no livro como foi repreendido após uma edição do festival Rock Unificado por jogar garrafas de plástico no público.

JÚPITER MAÇÃ

Flávio Basso dispensa apresentações. Júpiter Maçã e Jupiter Apple em carreira solo, ele encabeçou as bandas TNT e Cascavelletes nos anos 1980. Compositor, multi-instrumentista e desvairado, escandalizou gerações com seus shows caóticos, tão pontuais quanto seu talento.

No livro, ele conta como se ressentiu quando, na época do Cascavelletes, Frank Jorge resolveu voltar a tocar com a Graforréia paralelamente.

Então decidiu sabotar o show com Alexandre Barea, baterista da banda. Mas os dois beberam muito antes, e a sacanagem ficou pela metade. “A gente chegou cambaleando, no meio da galera, empurrando todo mundo”, completa Barea.

Byzzarro

Byzzarro

EDU K

Nascido Eduardo Dornelles, o líder do De Falla, afastado da banda desde 2004, passou a se dedicar à música eletrônica. Mas “o maior golpista da Gália” ainda é mais lembrado pelo seu trabalho no rock, no grupo que o fez famoso nacionalmente e em outros tantos.

No livro, além de assumir que faz tudo por dinheiro, ele conta como quase apanhava, até da própria mãe, por sair na rua vestindo apenas um maiô: “Às vezes, vinha a polícia, ou parava um caminhão, e descia um monte de cara sedentos dizendo ‘vem cá, minha puta!'”.

MARCELO BIRCK

Marcelo foi o primeiro vocalista e guitarrista da Graforréia Xilarmonica. Mas enquanto o irmão Alexandre seguiu no commando das baquetas na banda, ele resolveu ir para outras paragens e deu início a uma carreira solo. Como Miranda, também tornou-se produtor.

Mas uma de suas histórias mais memoráveis no Gauleses tem mais a ver com os maiôs de Edu K. No livro, ele conta como surgiu o visual da Graforréia no seu início: “Minha mãe resolveu botar fora um monte de roupas démodé – e eu e o Frank Jorge resolvemos usá-las. Tinham uns modelos absurdos: umas ceroulas listradas de amarelo, vermelho e verde… Daí, nos olhamos e dissemos: ‘vamos montar uma banda com isso!'”, completa Frank.

EGISTO DAL SANTO

Egisto Dal Santo não pára. Além da Colarinhos Caóticos, ele já passou pelas bandas Ponto de Vista, Elektra, Groo Brothers, Acretinice Me Atray, Benedyct Eskine e Saltin Mantra. Em carreira solo, venceu Júpiter ao assumir em diferentes fases três nomes diferentes: Egisto Ophodge, Egisto 2 e Egisto Dal Santo, o mais recente.

Como produtor já assinou mais de 40 discos. Entre eles, o clássico máximo de Flávio Basso, A Sétima Efervescência. Não satisfeito em produzir, Egisto também tocou para a gravação do disco. No livro, dá pra conferir como, durante um show da Colarinhos, a policia entrou pela segunda vez no antigo Garagem Hermética e fechou toda a rua Barros Cassal.

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