Se você faz a linha ‘tradicionalista’, talvez reclamasse a ausência de Ibrahim Ferrer e Compay Segundo (ambos já falecidos) no palco montado na Praça do Carmo, em Olinda, no sábado (05/09). Mas se gostas de música boa, tens uma queda pela salsa e costumas ficar embevecido quando se depara com talentos reunidos em um mesmo projeto… ah, terias amado o show que os remanescentes do Buena Vista Social Club preparou junto a seus convidados para a sexta edição da Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo).
Do filme, estavam lá Amadito Valdes – “a baqueta de ouro do Buena Vista – e Barbarito Torres – “o rei do alaúde”. Quem ajudou as “estrellas”a levar a plateia ao delírio foram a diva do canto cubano Tereza Garcia Caturla, a Tete, e Idania Valdes, uma moça de 27 anos que é filha de Amadito e atual revelação da ilha de Fidel Castro. A dupla “de ouro” trouxe também à cidade pernambucana banda AfroCuban All Stars e o cantor Mayito Rivera, do grupo Los Van Van, que acompanha Juan Formell em Cuba. Foi a primeira vez que uma cidade do Nordeste teve a chance de chegar perto dos artistas, alçados à fama em 1999 pelas câmeras de Win Wenders, o diretor do documentário “Buena Vista Social Club”.
Com 20 minutos de atraso (para a felicidade das plateias, nenhum show atrasou mais que isso), às 21h50, o grupo adentrou o palco montado ao ar livre, entre a Biblioteca Municipal de Olinda e a Basílica do Carmo. Na frente, era tanta gente, que parecia Cuba. Na ilha de Fidel, grande parte dos shows é apresentada a céu aberto, em praças públicas, para o povo desfrutar gratuitamente. Como se estivessem em casa, os artistas contagiaram jovens, famílias, crianças e turistas com sua animação.
Tete se destacou, cantando lindamente, sacodindo uma espécie de chocalho e pulando como se tivesse 20 anos. A cantora emocionou ao interpretar “Corcovado”, de Tom Jobim, e sentou na frente do palco para se aproximar dos (ali) súditos. Idania surpreendeu pela simpatia e pela belíssima voz, grave e potente. Barbarito arrasou ao tocar o alaúde com o instrumento encaixado em suas costas. A ajuda da esposa foi tão essencial que a cubanita até ganhou um beijinho do astro ao final do número. Elegante, Amadito fez belos solos de percuteria – o nome de seu instrumento é timbales, mas era como se fosse uma mistura de peças de bateria e de percussão.
No repertório, clássicos do Buena Vista Social Club e de Cuba. “Guantanamera” encerrou o espetáculo.
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