Ela é filha de Egberto Gismonti, tem 30 anos e nunca fez nada além de respirar música. Agora, ela solta todo esse ar que processou no disco “Sonhos de Nascimento”, coproduzido com o baterista e marido, Julio Falavigna, repleto de arranjos seus e de composições próprias inspiradas em tudo o que está a seu redor. A herdeira do pianista, compositor e arranjador ainda canta e chega madura ao palco do Teatro Rival – o show é nesta quinta-feira (19/09), às 19h30 – para mostrar sua habilidade com o piano e com o microfone. Carlos Malta e Jane Duboc estão entre os convidados de Bianca para participações nesse show de lançamento no Rio de Janeiro.
Leia abaixo a entrevista que Bianca Gismonti deu ao GarotaFM:
Quando e como você decidiu se dedicar à música?
Eu cresci escutando e vivendo a música através de meu pai e mãe. Aos 9 anos, pedi para iniciar os estudos de piano. Aos 15, meu pai nos colocou (eu e meu irmão, Alexandre, violonista) em seus palcos, fazendo com que vivêssemos o fazer musical e artístico. A continuação neste caminho foi consequência de todo esse processo anterior.
Como foi o processo de pré e de produção desse disco?
Eu e Julio Falavigna (marido, baterista e coprodutor do disco) iniciamos o disco sem saber que se tornaria um disco. Realizamos as gravações das 11 faixas do CD, e, a partir do resultado emocionante, decidimos concretizar a ideia. Até o disco ficar pronto, foram vivências belíssimas de extrema comunhão e doação por parte de todos os músicos, técnicos etc.
Ter um pai tão célebre ajuda ou atrapalha no seu processo de desenvolvimento como artista?
Meu pai teve o amor e a sabedoria de nos incluir (a mim e meu irmão) em sua música, quando nos presenteou com seus palcos e sua arte. Para mim, só existe beleza e agradecimento em ser sua filha.
Você já fez algo paralelamente a música ou antes da música se tornar decisiva na sua vida?
Nunca fiz nada antes. Eu respiro música.
Como é seu processo de composição?
Eu me inspiro por muita coisa. Em todas as vezes, alguma situação, pensamento, vivência, pessoa me emociona e eu procuro traduzi-la através da música. A composição é a minha forma de me traduzir para o mundo.
Fale um pouco das faixas do seu disco.
A maioria das faixas é inspirada em pessoas especiais na minha vida. “Festa no Carmo” é uma homenagem a meu pai e minha família musical, carmense; “Filha de Acari” é para a minha amada mãe, inspiração de vida e de alegria; “28 anos”, uma balada que compus quando completei esta idade; “Entre Amigos” partiu de improvisações com o querido amigo Philippe Baden Powell (e ganhou um arranjo belíssimo de Vittor Santos para o disco); “Guri dos 5 tambores” foi composta com (e para) o meu amado, Julio Falavigna, inspirada nas composições de Dave Brubeck; “O letrista” para o grande amigo escritor, Francisco Bosco; “Pequena Dú” para a minha madrinha Dulce Bressane (gravada com o meu irmão, o violonista Alexandre Gismonti); “Sonhos de Nascimento” composta para a minha parceira no Gisbranco, Claudia Castelo Branco, quando estava grávida de sua filha, Lis; “Salsa sem Cubana” uma canção baseada na minha inspiração nas dançarinas cubanas; “Clarinha” dedicada à uma menina que eu amo, e que tem energia de sobra e “O Voo de Hanuman” uma peça para piano dedicada ao grande músico indiano Sri Hanuman, e traduzida, em grandeza, no disco, pelo mestre Naná Vasconcelos.
E o que podemos esperar do show?
O show será uma grande celebração das pessoas que fizeram parte do processo do disco; uma festa em comunhão e em música. Teremos o privilégio de contar as maravilhosas participações de: voz de Jane Duboc, sax e flauta de Carlos Malta; violão de Alexandre Gismonti, piano e voz de Claudia Castelo Branco e côro de Dora Morelembaum, Inês Assumpção, Elisa Dourado, Eloisa Santos e Maria Alice van Genne. Além disso, o grupo incrível com Julio Falavigna na bateria, Jorge Amorim no baixo e os três baixistas que gravaram o disco: Yuri Popoff, Bruno Aguilar e Antonio Porto. No repertório, grande parte do CD que estamos lançando, mais algumas composições do meu pai, Egberto Gismonti, além de outras surpresas.
Fotos de Daryan Dornelles.