Quando eu era pequena, meus pais tinham uma loja de brinquedos. Entre uma importação e outra, apareceu vinda dos EUA uma Barbie negra. E o mais legal: ela tinha uma filhinha negra também. Apaixonei-me e implorei para que minha mãe reservasse aquelas duas bonequinhas para mim. Na época, eu perguntei a mim mesma: “Quem será o pai dessa menina? Ken não foi, pois nem mulata ela é…” E fiquei achando o máximo ter uma Barbie supermoderna: além da pele mais linda do que a de todas as outras que eu tinha, ela ainda era mãe solteira.
Eis que hoje leio a notícia e percebo que, entre as novas versões do Ken, apareceu um negro. Será que ele ficou nos EUA enquanto ela, após uma DR, embarcou para uma aventura nos trópicos e nunca mais voltou? Será que ele tinha dado um perdido na minha boneca e foi ele quem nunca mais retornou? Ou será que nos anos 80 já era possível uma boneca partir para a produção independente e foi isso o que ela fez? Whatever! Adotei a duplinha.
Meu maior medo agora é esse malandro desse Ken resolver correr atrás do prejuízo, jogando uma foto da minha Barbie nas redes sociais em busca do amor da vida dele. Aviso e comunico: Eu não a devolverei para ele, afinal, eu me apeguei à cria e virei avó da menina Barbie negra!