Jornalista pensa em viver de selfie

No trabalho novo, ela se chocava diariamente com a repercussão (em audiência) das fotos que atrizes e ex-BBBs postavam em suas redes sociais. Frontal de biquíni, do espelho mostrando o popô de calcinha fio dental, da barriga sarada na academia, empinando o bumbum na praia, mergulhando de cabeça de uma pedra com algum amigo fotografando por trás… E se surpreendia mais ainda quando ficava sabendo do quanto (em reais) isso rendia para tais moças. Apurou e, com seu faro de jornalista, descobriu que a maioria dos posts eram patrocinados. Decidiu que tentaria imitá-las. Será que ficaria mais rica? Mais famosa? Não era exatamente isso o que ela buscava em sua profissão, mas vai que a visibilidade ajuda a impulsionar as negociações com uma editora para o lançamento de seus livros?! Dormiu determinada: “Amanhã farei minha primeira selfie!” No dia seguinte, acordou suando, nervosa. Tinha sonhado com seu corpo fora de forma, com sua palidez de quem não aproveita o verão carioca na praia. Mesmo assim, pensou em não desistir. Tomou seu banho, se arrumou e foi para a rua. Chovia. “E agora?”, perguntou a si mesma. “É um sinal?” Determinada, seguiu com seu plano e fez sua primeira selfie, toda coberta, mas com um sorriso faceiro. “Quem sabe no próximo dia de sol eu acordo com a mesma disposição?”

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