A luz do sol ainda torrava os miolos de quem chegou cedo à Cidade do Rock no primeiro dia do Rock in Rio, sexta-feira (18/09), quando a Dônica iniciou os trabalhos no Sunset. Primeira atração do palco, a banda mostrou seu som totalmente influenciado pelo rock progressivo antes e depois da entrada em cena do maestro Arthur Verocai com seu naipe de metais. A diferença foi o modo, ou melhor, o estilo apresentado por José Ibarra (vocal e ótimo teclado) Miguima (baixo), Lucas Nunes (guitarra da pesada) Tom Veloso (violão tímido) e André Almeida (bateria) quando eles estavam nesta formação e como ficou depois que trocaram de instrumentos.
Foram mais ou menos seis músicas no modo Yes, com o mentor intelectual Tom Veloso – filho do Caetano, ele é responsável pelas composições e não costuma subir ao palco com os outros integrantes – vencendo a timidez e assumindo o violão em algumas delas. Inverno, Pintor, Carrossel e Praga entraram nessa parte do show. Quando o baterista assumiu o baixo, o baixista foi para a guitarra, o guitarrista pegou o teclado e o tecladista (e vocalista) segurou as baquetas da bateria (e não cantou mais), a Dônica virou uma espécie de reencarnação do Jethro Tull na interpretação de uma canção instrumental… Só faltou a flauta. Ao voltar à formação original, com a energia lá no alto, os novatos – todos na faixa dos 18 anos – receberam o veterano Arthur Verocai.
Compositor e multiinstrumentista, Verocai atua desde os anos 1960 e fez arranjos para discos de medalhões da música brasileira, tais como Ivan Lins, Jorge Ben Jor e Gal Costa. Com o resgate por garimpeiros estrangeiros de seu trabalho solo – o disco homônimo experimental lançado em 1972 – o maestro virou um artista cult. Juntando forças (e quatro metais) à ótima instrumentação da Dônica, Arthur Verocai levou as suas canção Na Boca do Sol e Dedicada à Ela ao set list. Do repertório da Dônica, Macaco no Caiaque e Bicho Burro encerraram o show, que levou embora o Sol.