Tem gente que fala que eu faço amizade em qualquer lugar. Eu defendo a tese de que eu atraio boas amizades, algumas delas vindas de lugares esquisitos. Porque, pra mim, trocar uma ideia, ser simpática, ajudar aqueles perdidos dentro do ônibus, puxar um papo a partir de um “bom dia” ou de um “obrigada”, nada disso significa levar uma relação para a vida toda. Isso é apenas meu jeito de encarar melhor dias difíceis que vivemos nesse mundo contemporâneo. Mas se por um acaso esse papo rende, mostra que há sintonia e que vale a pena ter continuidade, aí sim estamos falando de amizade (ou, pelo menos, de um projeto de amizade). E foi assim com muita gente que passou e ficou em minha vida.
Esse da foto é Yoanni Sarmiento Arias e não é porque ele veio de Cuba que falo de “lugares esquisitos”, não. Até porque Cuba é uma paixão que tenho desde 2006, quando pisei lá pela primeira vez. Conheci Yoa na porta de uma agência bancária do Leblon (isso sim parece um lugar esquisito para se fazer amizades), os dois tentando entrar depois das 16h. Não parávamos de conversar enquanto os funcionários resolviam nosso problema. Conseguimos, comemoramos com um café e nunca mais nos largamos. Apesar de saber que estou devendo a ele uma noite de salsa para provar que sou uma boa amiga (espero que, se eu dançar mal, eu não dance), já temos um projeto de vida.
Foi assim também com Ceci Alves, que conheci enquanto nos apertávamos para ver Alejandro Iñarritú ou Gael García Bernal no lançamento do filme “Babel”. Foi assim também com Rodrigo Bezerra, que me cedeu lugar num ônibus e de quem peguei a mochila toda rabiscada com nomes de bandas de rock para segurar em uma longa viagem ao Projac. Foi assim com Oswaldo e Rai Sousa, um casal de avós que conheci num restaurante da praia de Raposa durante uma viagem ao Maranhão e que me levou para conhecer todos os melhores bares de São Luís, circulando pela cidade comigo até 3h. E tem outros… Parece muita gente, mas peço que levem em consideração a quantidade de pessoas que conheço todos os dias por causa da minha profissão. Ficam os que me encantam de verdade.