‘Yo amo’ ou sobre amar tudo demais

Um dia, Marco me criticou porque eu disse que amava “cheese sticks” (bastões de mussarela empanada que naquele momento eu comia com aquela vontade): “Você ama tudo!”. Acho que ele estava com ciúmes dos bastõezinhos, mas claro que parei para analisar o sentido de sua exclamação. Percebi que era um hábito dizer “Eu amo…” sobre tudo o que eu gostava mais do que a média. Aí, reparei que minha amiga Ceci tinha algo parecido, só que, quando empolgada com alguma coisa, ela dizia: “Meu sonho!”. E cheguei à conclusão que isso é coisa de quem coloca muitos os sentimentos pra fora. Tentei maneirar, afinal, qual é o sentido de ficar me expondo tanto assim?

Achei que eu tinha mudado, pois Marco nunca mais falou nada sobre isso. Eis que, na primeira tarde que passei (durante uma aula) com um amigo que fiz em Rosário, durante essa minha temporada na Argentina, ele perguntou: “Você ama tudo?” Dei uma risada, senti muita saudade de Marco (que acho que aprendeu a me amar assim e amar mais as coisas simples da vida) e de Ceci, e percebi que até em castelhano eu estava amando demais. E disse a ele que sim. Disse ainda que acho que a vida é só uma plataforma para onde fomos enviados para cumprir nossa missão, que, para mim, é amar (muito, quase tudo, o máximo de pessoas e coisas que pudermos). No segundo encontro, fomos comer uma pizza e ele fez um vale: quando chegasse ao 100º “Yo amo” teria que pagar uma cerveja. Me safei por pouco: terminei a noite no 99º.

Yo Amo 2Obs.: Mais uma da série “Eu amo!” ou, em castelhano, “Yo amo!” (pronuncie ‘jô ámo’)… Dias depois de postar no Facebook o texto acima, eternizei a frase no Museo de Arte Contemporánea de Rosario! Sei lá se amar a vida é algo contemporâneo. Sei que deixei minha arte por lá.

 

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