Diogo Nogueira celebra Brasil e África no show Mais Amor

Posted by Chris Fuscaldo Category: Shows e eventos

Quem viu Diogo Nogueira nos pequenos palcos da Lapa cantando clássicos do samba não poderia imaginar que, quase dez anos depois, ele viraria um entertainer quase completo e que comandaria um verdadeiro baile da música brasileira. No show Mais Amor, que trouxe de volta ao Rio de Janeiro neste fim de semana, o bamba mostrou que tem na veia o seu repertório e muito mais. Além de homenagear Martinho da Vila, Elba Ramalho, Bezerra da Silva, Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Gonzaguinha, Tim Maia, a União da Ilha, Paulinho da Viola e a Portela, Zé Ramalho e Jair Rodrigues, ainda evitou o estardalhaço feminino e sapateou.

Diogo Nogueira por Marco Amarelo

Diogo Nogueira por Marco Amarelo

“É um prazer imenso estar de volta. Adoro cantar no Rio de Janeiro porque vocês sempre cantam junto comigo”, declarou.

Logo após o cumprimento inicial, na sexta-feira (16/05), provou que estava certo, cantando Vazio com a ajuda da plateia. Para evitar o aumento da gritaria feminina, economizou no requebrado, mas fez bonito ao interagir com os bailarinos da Cia. de Dança Carlinhos de Jesus em alguns momentos do show. Acompanhado de um super banda com mais de 10 integrantes, Diogo Nogueira estava alinhadíssimo, vestido com calça jeans, paletó azul escuro e colete grená. Nem canções mais maliciosas como Beijo na Boca correram o risco de cair na vulgaridade.

As celebrações à música popular brasileira começaram ainda no início do inesgotável espetáculo, que durou quase duas horas. Diogo foi da raiz, homenageando a Mãe África que nos deu o samba, ao pop no qual o Brasil passou a beber depois de tantas influências de todo o mundo. A primeira canção externa que ganhou leitura de Diogo foi Todo Menino é um Rei, um samba de roda eternizado pelo sambista fluminense Roberto Ribeiro na década de 70. De Emílio Santiago, resgatou Verdade Chinesa, e relembrou Agepê ao cantar Deixa Eu Te Amar. “Já que o assunto é amor, deixa eu te amar”, anunciou Diogo antes de reler o sucesso e depois de apresentar duas faixas do seu álbum mais recenteMuito Mais AlémDesejo Me Chama.

Diogo e o bailarinos por Marco Amarelo

Diogo e o bailarinos por Marco Amarelo

“Nesse meu novo CD, falo de amor das mais variadas formas: amor de amigo, de irmão, de namorada, de amante… Tem uma música que fala de um triângulo amoroso e eu tive a participação de Zeca Pagodinho”, disse ao anunciar Quem Vai Chorar Sou Eu.

Para anunciar a divertida Carinho Não Pode Faltar, que arrancou risadas dos homens, principalmente, contou uma história: “Estive com Flavinho Silva e ele estava fazendo uma pesquisa. Ele descobriu que mulher odeia barata. É verdade? Bolsa barata? Calça barata? Calcinhas barata? Ele descobriu que mulher adora um carinho: um sapato carinho, um vestido carinho, um carrinho carinho. Ficou mais ou menos assim.”

O bailarinos vestidos de escravos por Marco Amarelo

O bailarinos vestidos de escravos por Marco Amarelo

Ao explicar sua homenagem à África, enunciou: “Conheci vários países: Estados Unidos, Cuba, países da Europa… No ano passado, conheci Angola e queria fazer um convite a uma viagem ao continente maravilhoso que é nossa querida Mãe África”. Diogo celebrou não só a “mãe” como também o seu pai, João Nogueira. O bom filho, nesse retorno à casa, trouxe do repertório do sambista Lá de Angola, ijexá que fala da verdadeira origem do samba. Enquanto Diogo interpretava a canção do progenitor, os bailarinos, vestidos de escravos, dançavam pelo palco.

Homenagem à Mãe África por Marco Amarelo

Homenagem à Mãe África por Marco Amarelo

Na sequência, Diogo cantou Já Que Tá Gostoso Deixa (Mata, Papai) em ritmo de lambada e trouxe o legado de Martinho da Vila para o palco, emendando Canta Canta, Minha Gente com Madalena do Jucu. Clássico do repertório de Elba, De Volta pro Aconchego virou um pagodinho. Entre um mestre e outro, Diogo reforçou o repertório de Mais Amor: nesse momento do show, com Primeiro Samba. Sucessos mais antigos, Tô Fazendo a Minha Parte precedeu Malandro é Malandro e Mané é Mané, de Bezerra da Silva, e Fé em Deus veio antes de Pra Valorizar, do Fundo de Quintal.

Homenagem à Mãe África por Diogo Nogueira

Homenagem à Mãe África por Diogo Nogueira

O baile foi anunciado e Diogo Nogueira disparou Partido Agarradinho. Ao terminar, relembrou os tempos em que sua casa vivia em festa: “Lá em casa, as festas duravam dois dias. Casa de sambista, muita cerveja gelada, aquela comida light… mocotó, rabada… e o fundo de quintal comendo.” Diogo comentou que a mãe estava na plateia e não o deixaria mentir e deu a entender que, entre os convidados do pai estavam sempre por lá Dona Ivone Lara e Zeca Pagodinho. Para homenagear esses dois nomes, cantou AcreditarCoração em Desalinho junto a Deixa a Vida me LevarO Que É, O Que É, de Gonzaguinha, fechou esse bloco.

Homenagem à Mãe África por Marco Amarelo

Homenagem à Mãe África por Marco Amarelo

E, quando a adrenalina da plateia já estava lá no alto e parecia que o show tinha chegado ao fim, o dono da festa se propôs a fazer um “negócio diferente” e começou a cantar Descobridor dos Sete Mares em um ritmo diferente, entre o funk e o samba. Ele aproveitou o suingue para apresentar a banda e os integrantes ganharam destaque com fotos e nomes espalhados pelo cenário. Diogo mostrou que tem mesmo o samba no pé ao responder aos bailarinos, que entraram no palco sapateando, arriscando também uns passos com seu sapato de chapinha. O “tap tap” puxou os instrumentos de volta e a despedida teve o sambão De Bar em Bar como pano de fundo.

Bom, acalme-se porque o show não acabou. Se você chegou até aqui, não custa ler mais um parágrafo.

O público pediu bis e os bailarinos voltaram vestidos de garçons, com Diogo cantando aquele samba enredo da União da Ilha, de 1989, que diz assim: “Eu vou tomar um porre de felicidade / Vou sacudir, eu vou zoar toda cidade”. Já sem o paletó e com um colete azul, entoou Foi um Rio que Passou em Minha Vida (Paulinho da Viola) e uma versão “samba agalopado” de Frevo Mulher (Zé Ramalh0). Para a mulherada, jogou as toalhas com as quais limpou o suor e algumas rosas, relembrando Roberto Carlos, enquanto cantava um samba de Heitor dos Prazeres que foi gravado por, entre outros, Jair Rodrigues: “Tristeza”.

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