‘Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing’, do Discharge, marcou 1982

Posted by Carlos Dias Category: Colaborações

Álbum Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing (1982), do DischargeUm marco da história do punk/hardcore, se é que tal coisa existe, “Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing”, do Discharge, é um dos álbuns mais raivosos da história do underground. O CD é importante por várias razões: desde o que ele representou para o hardcore britânico até o efeito que ele ainda causa nos admiradores do som pesado. A parte ruim é que nesses 30 anos desde seu lançamento ele foi sendo um pouco esquecido.

O disco é cheio de tiradas amargas contra o governo e prevê o inferno nuclear com detalhes arrepiantes. A pancadaria incansável do som criou um movimento enorme no mundo do hardcore, primeiro na Inglaterra, logo depois chegando aos Estados Unidos, onde bandas como Agnostic Front e Suicidal Tendencies seguiram a tendência musical iniciada pelo Discharge. O som extremamente pesado e distorcido da guitarra mantém sua influência até hoje, como afirmam bandas como o Helmet.

O tempo não poliu as arestas da agressividade desse álbum, ele ainda soa tão importante como em 1982, até por causa da relevância das letras: faixas como “Protest and Survive”, “Hell on Earth” e “Free Speech for the Dumb” não são apenas incrivelmente simples e grudentas, mas extraem daí seu máximo impacto, pela sua simplicidade. Os gritos terríveis de “Cries of Help” é um dos momentos mais assustadores de qualquer disco de hardcore, enquanto “The End” é uma faixa incrível que resume a mensagem do LP perfeitamente. A selvagem “Two Monstrous Nuclear Stockpiles” e “The More I See”, uma canção que tem o riff mais poderoso escrito pelo grupo, também merecem destaque.

Lançado em 1982 pela Clay Records, “Hear Nothing” foi relançado pela Castle em 2003, e de novo em 2007 pela Captain Oi! A música da banda após esse disco teve seus altos e baixos, mas esse momento específico de sua carreira foi vital e deixou uma enorme marca na música.

A BANDA

Discharge é a banda mais influente do punk/hardcore inglês. O grupo, que foi além do gueto punk, é citado como influência por várias bandas. O Discharge foi formado em 1977 pelo vocalista Terry “Tezz” Roberts, seu irmão gêmeo, o guitarrista Tony “Bones”, o baixista Roy “Rainy” Wainwright e o baterista Hacko. No final dos anos 70, a banda ganhou a força e vitalidade do vocalista Cal e Tezz foi para a bateria, substituindo Hacko. O primeiro contrato da banda foi com o recém fundado selo Clay Records.

O Discharge lançou o seu primeiro EP, “Realities of War” em março de 1980, seguido no mesmo ano por mais dois EPs, “Fight Back” e “Decontrol”. Tezz deixou a banda logo depois e, após gravarem o LP de 12 polegadas “Why” com um baterista temporário, o grupo nomeou Garry Maloney seu baterista permanente a tempo de gravar o LP “Never Again”, lançado em 1981, que chegou ao 64o lugar na parada inglesa.

Em 1982, a banda finalmente lançou o tão esperado LP de estreia, “Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing”, que chegou a 40o na parada. Logo depois, aconteceu uma turnê pelos Estados Unidos e, ao voltar para casa, a banda lançou mais um single, “State Violence, State Control”. Bones saiu para formar seu próprio grupo, o Broken Bones, e foi substituído pelo guitarrista Peter “Pooch” Pyrtle para o EP “Warning: Her Majesty’s Government Can Seriously Damage Your Health”.

Ao lançar outro EP, “The More I See”, Pyrtle and Maloney saíram. A coleção de singles “Never Again” foi lançada em 1984 e, com o novo guitarrista Les “The Mole” Hunt e o baterista Nick Haymaker, lançaram “Ignorance” um ano depois. Maloney voltou para o lançamento do LP de 1986, “Grave New World”, que também apresentava o novo guitarrista Stephen Brooks.

Wainwright foi o próximo a partir e a banda passou alguns anos no limbo, ocasionalmente lançando material ao vivo de seus dias de glória. Finalmente, em 1991, o grupo voltou com um novo álbum, “Massacre Divine”, seguido por “Shooting Up the World”. Em 1997, a formação clássica Cal, Bones, Rainy and Tezz voltou. Na mesma época, um CD tributo chamado “Discharged” celebrou a influência eterna da banda.

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