Novo visual não estraga o talento de Mariene de Castro

Você se lembra da voz de Mariene de Castro? Continua a mesma. Mas os cabelos e as roupas, quanta diferença! Pelo menos nas fotos da capa e do encarte de “Colheita”, seu novo álbum e o terceiro lançado pela Universal, a cantora parece ter mudado completamente. É um alívio perceber que, pelo menos na escolha do repertório, a baiana continua a mesma. Vale ressaltar que o cabelo novo, bem cortado e mantendo os cachinhos característicos, merece nota 10, assim como as canções escolhidas para o novo trabalho. Tudo isso poderá ser conferido neste sábado (22/03), no palco do Vivo Rio, e na semana seguinte, no dia 27 de março, no HSBC Brasil, em São Paulo.

Pra você que se assustou com as mudanças e chegou a achar que Mariene de Castro perdeu a personalidade, força pra seguir em frente e colocar o disco pra tocar. Vale a pena conferir a voz cada vez mais encorpada e os arranjos mais seguros do que nunca embelezando composições de grande feras do samba (tanto do carioca quanto do baiano). Os primeiros sons de “Oxóssi” já levam o ouvinte para as rodas da Bahia. Com o auxílio luxuoso de Jaques Morelenbaum no violoncelo, a canção é mais um presente de Roque Ferreira para o mundo, resgatado por sua seguidora mais fiel na música brasileira. Outra do mestre, esta em parceria com Dunga, “Tirilê” segue mantendo a animação da faixa de abertura. Depois da melancólica “Mágoa” (Roque com Toninho Geraes), Mariene ainda celebra a obra do compositor baiano gravando “A Força que Vem da Raiz” e convidando Maria Bethânia para um belo dueto na música em que assume não se conter perante uma roda de samba.

Mariene de Castro no CD ColheitaClássico da música romântica beirando a brega, “Impossível Acreditar que Perdi Você” é de Márcio Greyck (com Cobel), foi gravada por Fábio Jr. e é a segunda canção de “Colheita”. Nessa levada, merecia a participação de um desses cantores de samba/pagode com nome no diminutivo… Geraes assina com Toninho Nascimento a última faixa de “Colheita”: intitulada e com a bateria da Portela fazendo parceria com Morelenbaum, “Aquarela da Amazônia” praticamente virou um samba-enredo. Um dos pontos altos do disco, com jeito e ginga e samba carioca, “Me Beija” (Arlindo Neto, Marquinhos Nunes e Renato Moraes) é forte candidata a hit. Por falar em ginga, “Balancê” é cheia disso.

A faixa que dá nome ao disco é de Nelson Rufino, tem arranjos de Rildo Hora e traz Zeca Pagodinho reforçando a animação. Também para dançar, “Eu Carrego Patuá” é precedida pela melancólica (ainda mais com a ajuda do bandolim de Hamilton de Holanda) “Nós Dois”, de Cartola. Samba mais pop, “O Que é o Amor” é assinada por Arlindo Cruz. Linda parceria de Dominguinhos com Djavan, “Retrato da Vida” traz Mariene de volta para o clima de reflexão. “Samba da Bênção” (Baden Powell e Vinicius de Moraes) é outro clássico que a cantora resgatou para o álbum.

Se o objetivo era chamar a atenção e despertar a curiosidade de fãs em potencial, talvez faça algum sentido jogar um batom vermelhão a la Gal Costa no disco “Profana” na boca carnuda de Mariene e vesti-la com roupas saídas de um shopping badalado do Rio, para onde ela se mudou desde que assinou contrato com a gravadora. Para aqueles que acompanham a baiana e conhecem seu estilo, não parece natural.

Mariene costuma usar vestidos e saias típicos das sambistas de roda e das cirandeiras, com muito tecido sobrando e acessórios clássicos (correntes e pulseiras comuns, além de coroas estilo Clara Nunes). No encarte do disco, ela está chique, combinando cores com sobriedade e usando brincos e pulseiras de design moderno. O branco aparece num look lindo, mas que não combina com a Mariene que canta descalça no palco: em duas das fotos, a cantora veste um vestido super curto, um casaquinho e salto alto nos pés. Agora, é saber se essa mudança chegará aos palcos e como será a recepção por parte dos antigos fãs.

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