Ratos de Porão toca ‘Crucificados pelo Sistema’: 1984 é agora

Posted by Camila Claro Category: Colaborações

*Colaborou Tiago Velasco

Não passava muito das 22h e as imediações do Circo Voador iam tomando ar de que seria uma noite de rock. Punk rock, hardcore e metal. Preto. Camisas do BadBrain, Anthrax, Slayer e DeadKennedys mesclavam-se entre as de Ratos de Porão e Gangrena Gasosa. Era a noite deles. Como se uma máquina do tempo pudesse resgatar os anos 90, a máquina do Circo e sua lona mágica, João Gordo e seus amigos transformaram uma simples noite de 2014 em um show de punk underground de quase 3 décadas atrás, para um público que não chegava a mil pessoas.

Os Estudantes

Os Estudantes

Por volta das 23h, “Os Estudantes” assumiram a abertura do evento, que mais tarde viria a ser espaço para a gravação do DVD dos Ratos de Porão. A roda, ainda tímida, já pulsava no ritmo dos rápidos acordes e batidas. Vitão (vocal), Dony (baixo), Manfrini (guitarra) e Diogo (bateria), que aceleravam o público punk,compõem a banda carioca formada em 2000. No set, canções próprias, como “Julgamento” e “Pedras Portuguesas”, foram bem aclamadas, além do cover de “Circle Jerks”, que impulsionou os rockeiros e deu a largada para o que ainda estava por vir: o mais puro punk rock nacional das antigas.

A lona mágica do Circo, de repente, transformou o cenário da Lapa em um grande terreiro. Era a vez de Gangrena Gasosa subir ao palco e garantir muita diversão. O show foi dominado pela iluminação vermelha e pela caracterização da banda em entidades das religiões afro-brasileiras. Um verdadeiro espetáculo de Saravá Metal da melhor qualidade formado por Zé Pelintra (vocal), Omulu(vocal), Exu Caveira (guitarra), Pomba Gira Maria Mulambo (percussão), Caboclo Sete Flechas (percussão), Exu Tranca Rua das Almas (baixo) e Exu Mirim (bateria).

Gangrena Gasosa

Gangrena Gasosa

As letras, embora não fossem muito recentes, estavam na boca do povo. “Quem gosta de Iron Maiden gosta de KLB” e “Se Deus é 10 Satanás é 666” eram proclamadas pelo público, que não parava de subir no palco para mergulhar e cantar. Um mergulho no Candomblé deles e você jamais seria o mesmo. Após os pratos de macumba entre as caixas de som saírem, foram mais uns minutos para descansar até que o bom e famoso punk de Ratos de Porão surgisse como uma invocação. Os reis da noite. “Crucificados pelo Sistema”, primeiro disco da banda, lançado em 1984, como estampou a camisa furada de João Gordo, finalmente se tornaria um DVD depois de 30 anos de estrada.

Ratos de Porão

Ratos de Porão

O relógio marcava 1h53 da manhã e a velha formação estava lá. O Rato Mór e sua gangue aparentavam estar muito felizes e satisfeitos com o que estavam vendo. Uma plateia empolgada, que ecoava entre todas as canções “Ratos! Ratos!” e uma roda de chutes, socos e pontapés, que só dava trégua quando o João Gordo (vocal) contava alguns momentos da carreira dele com a banda (Jão na bateria, Jabá no baixo e Mingau na guitarra). Se recordar é viver, então estávamos em 1984, acompanhados pelo disco “Crucificados pelo Sistema” todo, em menos de 25 minutos.

Mas a festa não parou por aí. O set dos Ratos também incluía mais oito músicas, dentre elas “Novo Vietnam”, “Destruição” e “Vida Ruim”, para a alegria do público punk rock. Ainda bem que tudo foi gravado detalhadamente, com uma câmera no palco e uma GoPro na plateia, para que cada minuto ficasse registrado para, num futuro próximo, 1984 possa ser revivido e relembrado, como nos velhos tempos. Pensando bem, o fato da casa não estar totalmente cheia só reforçou a imagem de que o punk e o underground jamais se perderão um do outro. Que maravilha!

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