Muito sensível o novo clipe de Fernanda Takai que a Deckdisc acaba de jogar na rede. Composta por Charles “Cholly” di Pinto, “You And Me And The Bright Blue Sky” estará no próximo álbum solo da cantora e é interpretada como se um cão estivesse falando para sua dona.
“A Fernanda nos deu total liberdade criativa para a elaboração do roteiro e, a partir daí, imprimimos um olhar cinematográfico para o projeto, transformando a música na trilha sonora da história dessa dupla”, comenta o diretor André Saito.
O vídeo foi dirigido pela dupla Kid Burro, formada pelos diretores André Saito e Cesar Nery, da produtora Paranoid. Os protagonistas, a atriz Andrea Lombardi e um cachorro de rua batizado Goro, circulam pelas belas, porém solitárias paisagens do Deserto de Salta, na reserva natural “La Quebrada de las Conchas”, na Argentina.
“Nosso roteiro pedia uma locação no deserto, o que dificultava muito que as filmagens fossem feitas em São Paulo ou até mesmo no Brasil. Foram duas diárias intensas na Argentina, mas que trouxeram um resultado que certamente não iríamos atingir se tivéssemos simulado esse ambiente por aqui”, explica o diretor Cesar Nery.
Além das imagens registradas, o clipe conta também com uma animação em preto, branco e vermelho, produzida pelo coletivo Los Cabra. Uma das que chamam a atenção no filme, que também é reproduzida em forma de desenho, é a da árvore cheia de pedaços de tecido vermelho que Andréa encontra pelo caminho e na qual a atriz pendura um também. Não sei o que isso significa na Argentina (não achei registro em nenhum lugar), mas no Japão, de onde vieram os antepassados de Takai, tem significado.
É normal encontrar perto dos santuários Xintoístas, com babadores vermelhos, as estátuas de Jizo, o guardião bosatsu (figura iluminada) dos que sofrem, em especial crianças e mulheres grávidas. Japoneses xintoístas acreditam que crianças que morreram cedo, inclusive bebes abortados, são ajudados no outro mundo por Jizo. Por isso, mães desconsoladas e outros sofredores passaram a pendurar os babadores vermelhos e, hoje em dia, qualquer tecido vermelho em qualquer outra estátua ou árvore (foi o que vi, recentemente, em passagem pelo país).