Sempre fui um grande admirador das bandas e artistas ingleses. Eu tinha o sonho de ser diretor artístico de uma gravadora na Inglaterra, muito mais do que me tornar presidente da multinacional no Brasil. Se acontecesse, eu me tornaria um A&R, que significa “Artistic and repertoire”. Mas isso era uma possibilidade remota…
Em fevereiro de 1994, fui em uma convenção mundial da Sony em um hotel na cidade de Gleneagles, na Escócia. Toda noite tinha um show, mas o clima estava morno demais. O salão era grande e estava cheio de executivos de terno e gravata. Não tinha aquela vibração dos fãs com a qual os artistas estão acostumados. A única banda pela qual me interessei foi Oasis, que na época estava gravando seu primeiro disco pela gravadora e, ali, mostrou-se totalmente autêntica. Eles não eram ninguém ainda, mas Liam não fez questão de fazer pose. Ele cantava pendurado ao microfone e, nos momentos de solo, corria pra trás do palco para sentar ou se esconder.
A delegação brasileira passou a convenção inteira dizendo que não havia nada interessante e eu gostei daquela banda. Achei o show sensacional. Poucos meses depois, em uma reunião de marketing da gravadora, o pessoal do internacional mostrou o CD “Definitely Maybe” e falou: “Temos a melhor banda do mundo.” Eu era diretor artístico nacional e falei: “Gente, essa banda tocou lá em Gleneagles.” Quem esteve lá ficou surpreso e eu confesso que me senti um A&R por alguns segundos. O Oasis promoveu o meu momento A&R na Inglaterra. Ou pelo menos, percebi que seria capaz de exercer essa função no país. Vale a curiosidade: a foto da capa do single “Cigarettes and alcohol” foi feita no hotel durante a convenção.