Beto Guedes sempre levava muito tempo gravando. A gente costumava dizer que só na EMI ele poderia fazer isso, porque tínhamos estúdio próprio e colocávamos o espaço à disposição de nossos artistas para eles produzirem no seu tempo. Beto voltava para Belo Horizonte, passava meses, e retornava dizendo que estava preparado. Um dia, fui até o estúdio para falar algo com Mayrton Bahia, o produtor do disco. Estavam Beto, Mayrton e o técnico de som. Quando acabei o que precisava fazer, decidi ficar para ver Beto gravar a voz. Mayrton acionou: “Vamos lá, Beto! Um, dois, três e…” Beto Guedes não entrou. Mayrton repetiu o texto: “Vamos lá, Beto! Um, dois, três e…” Nada! Na terceira tentativa, Beto não se aguentou: “Não dá! Pô, tem muita plateia!”. E eu logo pensei: “Bom, se tem dois caras que já estavam gravando com ele mais eu, acho que a plateia a qual ele se refere sou eu mesmo.” E falei: “Então, a muita plateia vai se retirar.” E fui embora para minha sala. Um tempo depois, Beto estreou no palco de costas.