Com um álbum lançado esta semana e vários elogios da crítica especializada, César Lacerda foi o nome escolhido por Jorge Lz para se apresentar nos dias 30 e 31 de agosto, no palco do Teatro Oi Ipanema, onde promove o Levada Oi Futuro – que traz shows de artistas que vem se destacando na nova geração independente da música brasileira. O disco de estreia se chama “Porquê da Voz” e, conhecendo a história do artista, a escolha se torna mais clara.
Apesar de viver há 6 anos no Rio de Janeiro, César é mineiro da cidade de Diamantina. Filho de uma pianista (diretora do conservatório da cidade) com um apreciador de música popular, tomou gosto por nomes como Jimmy Hendrix e Miles Davis graças ao irmão mais velho – que hoje é compositor de música clássica contemporânea. Com 15 anos e já morando na capital mineira, Belo Horizonte, César teve sua primeira banda, a cLAP!, que lançou dois discos, “13’31”” e “Um3” (ao vivo), distribuídos pela revista MPB Magazine. Chegou a tocar em vários projetos, do samba ao jazz e, em 2011, lançou seu primeiro EP. Sua música chegou aos ouvidos de Jorge Lz graças às suas parcerias com artistas conterrâneos: em “Farewell Love Song”, César divide sua composição com Luis Gabriel, membro da Graveola e o Lixo Polifônico, banda responsável pela gravação e sucesso da música.
Com toda essa bagagem e coleção de estilos, César Lacerda recompensou quem escolheu assistir a seu show no fim de semana: encheu os dois dias de apresentação com a presença marcante de vários músicos de sua geração na plateia – todos amigos e admiradores de sua música. No show, ele começa com “Porquê da Voz” e segue mostrando as músicas do álbum (lançado oficialmente no dia 5 de setembro, no SESC Vila Mariana). O som do músico é brasileiríssimo: um groovie cheio de harmonias arrojadas e letras poéticas. Destaque para “Manawê” – com a participação do sotaque e da levada manguebeat de Carlos Posada –, “Favos de Solidão” e “Simone de Santarém”. A banda que executa as canções não fica atrás: Cláudio Lima (na bateria), Marcelo Conti (baixo), Guilherme Marques (teclado) e Elisio Freitas (guitarra) reforçam o time.
O disco “Porquê da Voz” deu um baita trabalho: foi gravado em 6 estúdios, por 8 técnicos de som e conta com a participação de 19 músicos e 4 parceiros. Mas, fugindo à realidade dos artistas de seu tempo, um lançamento independente é um detalhe irrelevante para César quando ele está no palco e diz tudo o que sente e quer cantando: “Por ser cantor / meu desejo é estar por aí… Espelho na voz / refletindo o óbvio em mim / Sou a geração / O complexo, o coração”.
Fotos: Eduardo Cantarino