Comemorei meu aniversário este ano em duas etapas… No dia 31 de agosto mesmo, pedi a meus pais para me ajudarem a fazer um churrasquinho para alguns amigos de Niterói na casa deles. No dia seguinte, chamei aqueles que foram me ligando para dar parabéns para darem um pulo no meu pequeno apê, para bebermos e comermos umas torradinhas com pastinhas e a berinjela que é minha especialidade. No sábado, peguei o som da minha mãe emprestado, aquele JVC anos 90 com deck duplo, para levar para perto da churrasqueira. Ouvimos CDs do Creedence, de Santana, Sérgio Mendes e Os Lobos, o “Miragem” recém-editado e lançado pelo Discobertas. Delícia de trilha sonora! No domingo, o DVD “Hungarian Rhapsody – Live in Budapest”, do Queen, mexeu comigo. E olha que o filme tinha sido enviado pela Universal já há algum tempo. Que bom que meus convidados se atrasaram…
Esqueci que estava no Rio de Janeiro e pilhei a galera para chegar às 17h. A primeira amiga bateu na porta às 18h45 e o primeiro casal, por volta das 19h. As pastinhas estavam prontas desde 15h e eu cheguei a dar uma cochiladinha entre a produção e minha arrumação. Pronta no horário marcado, resolvi ler os textos do mestrado para aproveitar o tempo. Eis que Marco, meu companheiro, aponta na sala: “Vamos escolher um DVD?” Lembrei na hora deste do Queen, que estava ainda embalado, esperando o momento certo para ser batizado. Pedi que colocasse o filme – que vem acompanhado de dois CDs – e deixasse rolar. Quem disse que consegui continuar a leitura? Letrinhas iam vinham e meu cérebro só acompanhava o que o ouvido absorvia: a voz de Freddie Mercury.
Eu me rendi. Larguei o texto e foquei na tela da TV. O show foi gravado em 1986, em Budapeste, quando a Hungria ainda estava sob domínio da União Soviética. Abrindo mão de um cachê milionário, o Queen se jogou e quase levantou a Cortina de Ferro com sua música. Foi o maior show de rock que o país do Leste Europeu teve em sua história. Os ingressos esgotaram rapidamente e hits como “Under Pressure”, “I Want To Break Free”, “Bohemian Rhapsody” e “We Will Rock You” colocaram o povo socialista para dançar. O DVD traz 23 canções com aquelas performances incríveis de Freddie, John Deacon, Roger Taylor e Brian May. No final, tem um documentário de pouco menos de meia hora. Marco, que também acabou abandonando o que estava fazendo no escritório, leu no encarte que o filme foi rodado em película 35mm pelo diretor húngaro János Zsombolyai. E só por isso foi possível a remasterização e o lançamento do filme com tanta qualidade.
Quando o pessoal chegou, eu já estava assistindo ao mesmo DVD pela segunda vez. E vimos mais umas duas até que decidimos trocar a bolachinha prateada pela de Chico César e, depois, por Gilberto Gil e, na sequência, Tim Maia e Paulinho da Viola. Se Freddie ficasse cantando a reunião toda, com certeza ninguém conseguiria mais conversar. Sem dúvida, foi a melhor trilha sonora da virada dos meus 32 para 33 anos.