Flávia Bittencourt grava com Zeca Baleiro e faz show com Luiz Melodia

Posted by Chris Fuscaldo Category: Entrevistas

Flávia BittencourtOs álbuns de Flávia Bittencourt me perseguem desde que estreei como jornalista responsável pela página de discos do jornal Extra: o primeiro foi “Sentido”, em 2005. Sempre achei que a moça tinha potencial. Com “No Movimento”, terceiro CD de Flávia, que recebi há pouco tempo, passei a ter certeza. Com músicas próprias, parcerias (por exemplo dela com o poeta Ferreira Gullar) e de nomes como Fagner, Luiz Melodia e Zeca Baleiro – e participação deste último -, o novo trabalho da cantora maranhense é uma mistura de estilos deliciosa. Destaque para o coco “Parangolé”, de César Teixeira com Baleiro dividindo com ela os vocais, o reggae “Lamento das Flores”, de Flávia, e a MPB com violão flamenco “Dente de Ouro”, de Josias Sobrinho.

Quem estiver curioso para conhecer Flávia Bittencourt, nesta terça-feira (27/08), ela fará o show de lançamento do álbum, com participação de Luiz Melodia, no Teatro Rival Petrobras, a partir das 19h30 (ingressos a R$ 50, com desconto de 50% para idosos, estudantes, professores e quem mandar o nome para a lista amiga: [email protected]). A cantora vai comemorar seu aniversário no palco.

Leia uma entrevista com Flávia Bittencourt:

Em ‘Todo Domingos’, você homenageou Dominguinhos. Estava com saudade de gravar um disco mais autoral, com músicas suas de de outros compositores?

Eu sempre digo que “Todo Domingos” foi um parênteses em minha carreira pra homenagear um artista e ser humano pelo qual tenho muita gratidão. Neste disco, eu também gravei uma composição minha que fiz pro Dominguinhos, intitulada “Seu Domingos”. Já “No Movimento” tem realmente muitas composições de minha autoria. Algumas faixas deste repertório já tinham sido apresentadas em um show que eu fiz em São Luís, como uma espécie de teste com a receptividade de músicas como a própria faixa “No Movimento”, que é de minha autoria e que também dá nome ao disco, assim como as faixas “Lamento das Flores” (Flávia Bittencourt), “Volta” (Flávia Bittencourt), “Um instante” (Flávia Bittencourt/Ferreira Gullar), “Fanatismo” (Florbela Espanca/Fagner). A faixa “Mar de Rosas” (Joe South / vs. Rossini Pinto), por exemplo, já fazia parte do repertório há tempos. Depois, chamei o querido Fernando Nunes pra produzir junto comigo porque queria que esse trabalho tivesse uma sonoridade menos acústica em relação aos meus dois álbuns anteriores, queria que tivesse “punch” e o Fernando seria a pessoal ideal pra trazer essa bagagem, essa sonoridade mais pesada. O disco foi co-produzido por Felipe Tauil e foi masterizado na Inglaterra, na Abbey Road. Então, este repertório já vinha sendo pensado bem antes de entrarmos em estúdio e assim, tais escolhas foram feitas através de um processo bem natural.

Flávia Bittencourt 4O que você tem a dizer sobre a partida de Dominguinhos?

Bom, fui ao hospital em São Paulo, no Sírio Libanês, no período em que ele esteve hospitalizado e fiquei muito triste com o que vi. O Dominguinhos foi e sempre será um amigo muito querido, uma pessoa muito importante em minha vida e minha carreira. Rezo muito por ele e vou agradecê-lo sempre por todo carinho e generosidade que sempre fizeram parte do caráter dele.

Você gravou músicas de Zeca Baleiro em dois dos seus três discos e ainda teve ele participando da faixa ‘Parangolé’. O que significa esse nome para você como pessoa e como artista?

Bom, já tinha uma proximidade com a família do Zeca. O Seu Tonico, pai dele, tinha um ambulatório que meu pai frequentava e eles sempre falavam do Zeca Baleiro. O Seu Tonico costumava falar com meu pai da dificuldade dessa profissão que o filho tinha seguido, que ele deveria seguir outra profissão, essas preocupações de pai e mãe e que, depois, eu viria a ouvir do meu pai também, logo quando eu me decidi pela carreira. Mas foi um breve período, logo eles me apoiaram. Ao mesmo tempo, eu estudava na escola de música com o sobrinho do Baleiro e, depois, quando eu decidi seguir essa profissão, um dos irmãos do Zeca passou a me assistir sempre nos locais onde eu me apresentava. E logo nos encontramos pra conversar sobre essa coisa de ser músico. Ele me emprestou alguns discos que ele achava que seriam boas referências e, de vez em quando, ia na casa dele depois que fui morar em São Paulo, em 2001. É uma pessoa de quem gosto muito.

Fale sobre Ferreira Gullar, sobre sua participação na homenagem aos 80 anos dele e sobre essa parceria musical com ele?

Fui convidada pra participar de uma série de eventos… eu, e outros artistas como Zeca Baleiro, Elba Ramalho e Rita Ribeiro… em homenagem ao Ferreira Gullar, com curadoria do Carlos Dimuro, que aconteceu em 2011, aqui no Rio de Janeiro. Em um destes eventos, a Ana Botafogo e seu coreógrafo, o belga Eric Frederic, estavam na plateia e me convidaram para participar do espetáculo que eles montariam mais tarde, “Na Ponta dos Versos”, e tive o prazer de ver o poema “Um instante” por mim musicado, também coreografado pela Ana Botafogo. O Gullar ouviu a música que compus pro seu poema diversas vezes e gostou. Fiquei feliz!

Como é seu processo de composição?

É muito particular, eu brinco dizendo que sou uma “expressionista”, assim como o Pollock exprime suas emoções através de seus traços. As palavras, a escrita sempre foram uma fuga, uma forma de exorcizar sentimentos.

Quando e como Luiz Melodia entrou para sua vida artística e como é sua relação com ele na prática?

Através de um amigo, ele ouviu o trabalho, ainda era o primeiro álbum “Sentido” e, desde então, ele e a Jane (esposa e empresária do Melodia), passaram a me apadrinhar. Fizemos shows juntos, participei e ele participou também de meus shows e inclusive me presenteou com a faixa “Franqueza”. A letra é do Melodia e a música, do Renato Pial. Fiquei muito emocionada.

Como se sente no Rio de Janeiro e do que você sente mais falta no Maranhão?

Já estou mais adaptada. Quando saí de São Luís, senti muito, porque era muito nova e sempre muito apegada à família. Geralmente é uma característica do povo nordestino e minha família não é diferente.

Resuma o atual momento da sua vida.

Muito feliz nesta fase de lançamento de “No Movimento”. Espero que o público também se recarregue nos shows que faremos Brasil afora. Aliás, o show aqui no Rio será dia 27 de agosto no Teatro Rival, no dia do meu aniversário.

Flávia Bittencourt

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