Marcelo Duani tem cor, suingue e balanço de carioca, mas seu sotaque e seu compromisso com o trabalho mostram que ele vem lá debaixo, daquelas plagas frias onde palavra é coisa séria e música, também. Cantor, compositor e instrumentista, Duani foi criado em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre, e lá começou sua carreira. Com dez anos já dominava o violão e, acompanhando a mãe nas sessões de umbanda, aprendeu a tocar atabaque. Aos 17, montou suas primeiras bandas e experimentou o sucesso pela primeira vez, gravando um álbum, fazendo shows para até 10 mil pessoas (abrindo para nomes como Neguinho da Beija Flor, Fundo de Quintal e Bebeto) e dando entrevistas a rádios e TVs do Rio Grande do Sul, tchê. Em meados dos anos 2000, passou uma temporada no Rio, para onde volta nesta terça-feira (30/07) para o show de lançamento de seu novo álbum, “Filho de Xangô – Samba Exportação”
“Minha relação com o Rio de Janeiro é de extremo amor e gratidão. Morei por aqui um tempo atrás, e sempre fui muito acolhido pelo lugar, amigos e parcerias musicais. Me sinto em casa, aqui. É um lugar onde gosto de andar, de compor, de receber, dividir e somar com outros artistas amigos da cena e fora dela. Meu trabalho, de certa forma, leva o sotaque do Rio de Janeiro, mas se mistura muito. Tenho muita influência do carioca Jorge Ben Jor, mas ao mesmo tempo tem o sabor dos gaúchos Luis Vagner e Bedeu, percurssores do samba-rock no Sul, dentre outros nomes que poderia citar. Minha música tem relação de eterno namoro com o Rio de Janeiro, nas letras, na pegada do violão e na malandragem do que é dito em forma de canção. Como diria meu amigo paulistano Roberto Chicão Scarpini, sou ‘o gaúcho mais carioca que já vi'”, diz Duani.
O show acontecerá no Festival Nova Música da Casa de Cultura Laura Alvim. Nesta terça, às 19h30, Marcelo Duani sobe ao palco para mostrar “Aqueles Olhos”, “Saudade de Você”, “Tempo”, “Tropical Rio de Janeiro” e “Até Mais”, esta última recém-lançada em forma de clipe, com participação de Gabriel Moura, ex-Farofa Carioca e parceiro de Seu Jorge em várias composições. “Filmamos o clipe com direção e produção do cineasta Vítor Carvalho, usando como pano de fundo a bela paisagem do Rio de Janeiro: enseada da Urca, morro Santa Marta e Botafogo foram as locações escolhidas para contar essa história da ‘nega’ que não aceitava que o marido saísse para o samba, para a gandaia”, conta o músico.
No palco de Ipanema (Av. Vieira Souto, 176 – Tel:(21) 2332-2016. Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), Marcelo Duani vai realizar o sonho de ter parceiros queridos com ele: “Toco violão e o meu estilo é a nova MPB, cujo o nome já diz, é “nova”… É possível perceber um samba, um soul, um samba-rock e até mesmo letras mantendo um diálogo com o rap e divisões melódicas do mesmo. Será um show com um formato que já havia pensado, em um teatro, com uma formação de palco onde enxugo uma banda com percussões e metais e, no lugar, ficam apenas um piano, um violão e um cajon-percuteria, remodelando e, de certa forma, rearranjando as canções do novo disco, o que acaba ficando muito interessante e inovador. Vai ser uma apresentação na qual, além de mostrar um pouco do que vem neste novo disco, terei a oportunidade de receber e dividir o palco com amigos queridos convidados: Macau, Sistah Mó Respect, Marlon Sette, Flávia Santtana e Mu Chebabi.”
Depois de mais essa aventura no Rio de Janeiro, para onde tem vindo pelo menos uma vez por mês desde o primeiro semestre deste ano, Marcelo Duani embarca para a Europa, para cumprir pela primeira vez uma agenda internacional. “Saio em excursão pela Europa no mês de agosto de 2013 para dois concertos iniciais: um no famosíssimo e respeitado club de jazz Ronnie Scott, em Londres, e na club La Barricade, em Paris. Já tenho marcadas algumas entrevistas em rádios e jornais da França, Inglaterra, Espanha e Alemanha. Cogito a possibilidade de gravar mais um clipe em Amsterdam e de produzir uma nova canção com o rapper Harage da Argélia. Estarei aberto para movas parcerias, encontros musicais que a Europa possa me oferecer.”
Palavras de Marcelo Duani sobre “Filho de Xangô – Samba Exportação”*:
Produzido por Renato Mujeiko, “Filho de Xangô” mostra toda a malandragem e, ao mesmo tempo, muito requinte nas obras, nas bases, timbres e concepção musical. Um disco ritmado, com mensagens e também falando de amor. Toques de atabaque (o que eu chamo de “toque candomblé”) e elementos como o cavaquinho foram incorporados ao trabalho. Levadas de samba-rock, rap e samba com sotaque muito particular. Tem participações de grandes músicos amigos, que só vieram abrilhantar ainda mais este trabalho.
Divido “Aqueles Olhos”, música minha e de Marco Mattoli (líder do grupo paulistano Clube do Balanço) com o mestre do suingue e samba-rock Luis Vágner e com o pianista Léo Fernandes, carioca que já tocou com nomes como Seu Jorge, Márcio Local, Fagner, entre outros. Em “Saudades de Você”, tenho um saxofone do amigo George Israel do Kid Abelha, que dispensa apresentações. Grande! Lenzo Rizzo, um rapper da Guiné Bissau, descarrega sua rima e punch na canção chamado “Tempo”. No samba dolente “Até Mais” trago Gabriel Moura e o produtor Paulo Calasans, que é pianista do Djavan e toca com diversos medalhões da nossa musica popular brasileira. No samba-soul “Luz”, tem o compositor e cantor carioca Márcio Local, que teve seu primeiro disco reconhecido na Europa, e tem suas músicas gravadas por diversos artistas da cena brasileira. Mu Chebabi aparece na canção “Tropical Rio de Janeiro”. Mu Chebabi foi produtor musical do programa Casseta e Planeta, além de ter como parceiros em composições nomes como Lenine, Lula Queiroga, Wilson Simoninha, entre outros.
* O disco está à venda nos sites iTunes, Amazon, Rdio, Slacker, Starzik, Qobuz, Simfy.
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